6.5.23

Centrifugar angústias

Declaração de interesses: conheço a Rita Tormenta e somos amigos. 

Não sei quem disse que uma boa fotografia é um fotograma que se salvou de um filme que se perdeu. Ou algo assim: a citação não é nem pretende ser verbatim. Os poemas do primeiro livro da Rita Tormenta (Centrifugar Angústias a 1600 RPM, ed. Mental) fizeram-me pensar nessa máxima, com «poema» no lugar de «fotografia» e «biografia» no lugar de «filme»: os poemas desse livro são pedaços de vida traduzidos em poesia. É fácil imaginar as biografias de que foram parte - se calhar até é só uma - mas fácil não significa simples. São poemas que dizem muito mais do que aquilo que dão a ler, condição sine qua non para a poesia aceder à qualidade de boa (a poesia e não só, na verdade).

De vez em quando aparece uma pequena «escorregadela» - um brasileirismo, uma vírgula fora do lugar - mas não suficientes para estragar o prazer que é ler estes pedacinhos de vida carregados de sensibilidade, de melancolia, de humanismo

O livro é pequeno, tem uma capa bonita e as fotografias de João Gata contribuem em muito para o prazer de o ter entre mãos.

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