A BH Glasgow branca não pára. Está feliz e eu também. Vemos finalmente o comboio sair da estação. Ainda com solavancos mas pequenos e cada vez menos.
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Venho ao STP. A sensação é a mesma de sempre: sou um tarado sexual a entrar num bordel. Apesar de muitas delas hoje estarem vestidas, coitadas: estamos na fase da pintura e é proibido pintar ao ar livre. Defende-se o ambiente e de caminho o porta-moedas dos fornecedores. Uma tenda destas chega aos cinquenta mil com uma facilidade desconcertante. Ainda por cima (ou por baixo) esconde a este miúdo fascinado pelo fogo as formas das belezas.
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Vou comprar o Gurit. Dar cem paus por uma porra que vou usar uma vez chateia-me. É indecente, mesmo não sendo a massa minha. Mas se fizer o serviço com resina normal o preço será o mesmo. A única diferença é que não vou ficar com uma porra duma pistola a bordo que não serve se não para aquilo.
Pode sempre servir e talvez a consiga vender.
[ADENDA]
Uma das coisas de que eu gosto neste trabalho não é uma. São duas: a) trabalhar com profissionais; b) ser reconhecido por eles. A empresa que vende o Gurit chama-se BM Composites. Expliquei o que preciso de fazer, o vendedor e eu discutimos alternativas, conversámos um bocado até que chegou à fase dos preços. O produto em si não é muito caro, é o preço habitual para resina epoxy. O que me dói é o preço da pistola para aplicar aquilo. Cem euros por uma porra que se vai utilizar uma vez é «ridículo» (aspas porque cito um dos vendedores, que entretanto se juntou à conversa). A certa altura conto que já tentei comprar uma em segunda mão e digo «Vocês deviam era alugar essas coisas». «Já tentámos. Aliás nem as alugávamos. Emprestávamo-las. Mas ninguém as devolvia e deixámos de fazer isso.»
Salto pormenores. Saí de lá com a resina e a promessa de que o Ricardo pode lá ir buscar a pistola quando chegar à aplicação. É bom. Sobretudo quando se pensa que para os standards locais o meu P. é pouco mais do que um salva-vidas.
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Resultado: segunda vou para Lisboa de coração muito mais leve. A ver se irradio felicidade, como ontem no Jaume, se as injecções tiverem resultados e se a operação ao olho esquerdo correr bem e se conseguir ir à apresentação do livro do Alberto Gonçalves em vez de ir para Menorca.
Outro resultado: nem a sesta dormi.
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Já não são apenas os copos, as mulheres e o aquecimento global que me abandonam. Agora, a cada esquina dos dias também a paciência se me esvai, deixa-me sozinho sem sequer um copo na mão ou uma mulher a quem me queixar. E cheio de frio, o que não ajuda.
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N. pertence a um tipo de mulher que me atrai ainda antes de começar a falar. Nem sequer posso acrescentar «apesar de falar»: é atraente mesmo quando fala.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.