O gordo é segurança aqui no clube. Só trabalha de noite. Tem uma voz esganiçada, fala altíssimo e só diz disparates. O conjunto vai tão bem com o meu estado de espírito como mousse de chocolate e vinagre. De manhã vem à cantina envenenar as manhãs de uns e fazer sorrir outros (integro o primeiro grupo). Nos outros irrita-me a condescendência, que para mim é equivalente ao paternalismo. Aceitam aqueles disparates, gritos, «cantorias» (uma coisa tenho de lhe agradecer, canta pior do que eu) como se aceitam as traquinices de um miúdo. Combinado com o barulho das máquinas que vem do Audax é infernal. Infelizmente, o sacana do Corb Marí a) abre mais tarde, b) não gosta de me ver lá com o computador (e eu, c), detesto-o, apesar de reconhecer que a cozinha é boa, mas isso é outra história.)
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A expressão correcta não é: «Isso é demasiada areia para a minha camioneta.» Mas: «Isso é demasiada merda para a minha fossa.» Não tenho espaço para muito mais.
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Uma das verdades teóricas mais espalhadas é: «as coisas são como são, não como nós queremos que fossem.» Digo teóricas porque na prática poucos a lembram quando é precisa. Todos temos uma tendência a crer que as coisas são como nós queremos. Às vezes conseguimos: hoje, por exemplo, consegui adiar a instalação do lazybag para terça-feira, isto depois de ter passado dois dias a ouvir que não podia ser. Hoje a resposta foi: «Sim, até me dá jeito, não tenho a certeza de que as réguas cheguem amanhã.» Depois foi a vez do rigger: «Bem. não dá muito jeito mas vou falar com o D., ver se ele consegue. Tem os lazyjacks todos do ---- (segue-se nome de super-iate que esqueci) para fazer e estava a contar acabá-los amanhã para na sexta ir ao P.» «Na pior as hipóteses pode ir na segunda. Quero ter a tinta do convés bem seca antes de ser espezinhada por duzentos matulões.» (Invento, mas pouco.)
Não deixa de ser irónico que tenha andado meses atrás destes dois para agora ter de lhes pedir que adiem o trabalho.
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O BP está com problemas de parto e se calhar amanhã tenho de ir de escantilhão para Blanes. Sexta-feira tinha prevista uma ida ao galope do mastro. Pergunto-me se não devia transmutar-me em estilita e ficar lá em cima por uns anos.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.