Eu sabia que o dia ia ser difícil. Não imaginava era que seria esta sucessão de bombas atómicas, interrompida de vez em quando por um abrigo ou pelo menos pela hipótese de um abrigo.
Falemos destes, que das bombas não reza a história: em princípio sexta-feira terei o NIE e sábado o BP nas mãos - ou seja: uma horinhas no mar, sozinho. E daqui a duas semanas vou a Lisboa fazer mais um exame ao olho esquerdo. O coitado deve ter chumbado a todos os que fez até agora. Foram tantos... Desta vez o médico está optimista. Não diz mas digo eu: talvez venha a recuperar a visão desse lado (o que tradicionalmente não vê e não é só em mim).
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Encontrei a Agustine, uma rapariga que é simultaneamente música e empregada de mesa, combinação suficientemente rara para merecer menção. Está no desemprego porque não lhe apetece trabalhar "num sitio qualquer". Tem direito a mais três meses e meio de férias pagas pelos contribuintes e tenciona aproveitá-los bem. Para a semana vai dez dias a Londres, por exemplo. Ia tocar na Drassana mas apareceu a polícia e pô-la a andar (ou melhor, a sentar-se comigo para uma cerveja). É preciso uma "credencial", outorgada pela câmara, para tocar na rua - e na praça Drassana nem com isso se pode tocar. Já a pediu três vezes, mas foi sempre recusado. Não fazem audições (se fizessem pagar-lhe-iam para tocar na rua, a mulher toca bem que se farta) e ignora quais os critérios usados para conceder tal graça.
Ia tocar para a Bosch mas eu fui à lavandaria buscar roupa e voltei para bordo. Isto de ser alvo de bombas de cinco em cinco minutos maça, parecendo que não.
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É possível que chova. Vou cobrir o traveller com um plástico. É a melhor maneira de ter a certeza de que não chove.
Adenda: cobri e está a chover. As alterações climáticas não respeitam nada.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.