«Pareço um caçador de ausências», escreve-me a M. E., que não se lembra do autor da frase. São bonitas (a frase e a M.) Toca-me particularmente (a frase): passo a vida a caçar e fugir de e a lutar com ausências, de resto um tema frequente neste DV, coitado. Ausências, esperas... même combat, diria se fosse francês ou de ali perto. E se fosse dado a optimismos, como sou. Entre a espera e a ausência o muro é estreito, não chega sequer para me sentar nele. Desabaria imediatamente.
Não me sento nesse muro. O objectivo agora é construir paredes, muralhas, pilares: refazer o passado, essa mãe de todas as ausências, ordená-lo e dar-lhe sentido. Como, escrevi uma vez e é hoje mais verdade ainda do que quando o escrevi, um arquitecto que fizesse os planos da casa uma vez esta cosntruída. Verdade seja dita, é normal que hoje seja mais verdade: a casa está muito maior. O arquitecto precisa de mais tempo e de mais cuidado, de maiores e mais fortes muralhas. Talvez assim retenha as ausências.
(Para a M. E.)
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