29.10.23

Urbanidades, modernidades

Eu só espero que os meus leitores - que os há - não pensem que eu sou um atrasado mental que detesta a modernidade. Não sou. Limito-me a desconfiar da modernidade como desconfio de um mulheraço que tenta seduzir-me: ninguém sabe a estranha motivação que está por detrás daquilo.

Por exemplo: mesmo reconhecendo as inegáveis vantagens das Uber, Bolt e afins, continuo a preferir esticar um braço para apanhar um táxi na rua. Pela razão simples de que acho mais elegante, mais bonito, se preferirem, estender um braço como um afogado a lutar pela salvação a olhar feito esfinge para um telefone portátil. Ou mesmo apanhar um autocarro, gesto eminentemente urbano.

Claro que apanho Bolts, sim. Mas também apanho táxis e autocarros e prefiro estes de longe. E de perto. Apesar da diferença de preço, prefiro ser conduzido por um senhor que conhece a cidade a sê-lo por alguém que - como recentemente aconteceu - me pergunta aonde é o Saldanha. Claro está que não acredito nesses mitos urbanos das senhoras violadas e que ter alguém calado porque não fala português tem vantagens sobre ter alguém a quem tenho de explicar que não quero conversar. Mas... mas apesar de tudo continuo a preferir apanhar um táxi ou um autocarro.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.