8.11.23

Carta aberta

Não se pode dizer que os dias sejam fáceis, bons ou bonitos. Não são. Pode contudo dizer-se - e deve-se - que há escapatórias, momentos exultantes, jubilatórios. Tenho uma série daquilo a que em inglês se chamaria issues - um termo cuja tradução oscila entre problemas, questões, temas. São doze, aos quais atribuí uma classificação baseada em dois parâmetros: a urgência e a importância. Dos doze, seis - metade - está na classe mais elevada. A outra metade está espalhada pelas categorias «inferiores», que vão até cinco. Alguém se enganou na distribuição. Devia ser ao contrário. 

Mas não é e as coisas são como são e não como deviam ser. Nada é como deve ser, aliás. Resta-nos aprender a viver com essas imperfeições. É tudo e é bom. Gosto do pragmatismo da imperfeição, que prefiro ao snobismo do seu contrário. E assim aproveito estes momentos de euforia, por muito passageira e ilusória que seja: um item que desliza da prioridade um para a dois, uma notícia boa e inesperada... Dentadas nas issues, momentos que me permitem - me obrigam - a pensar que sim, há uma saída. Basta querer. Ou esperar, talvez. E essa saída não está só no vitello tonnato do Tomas. Está também naquilo que não controlamos. Detesto a esperança, que faz mais mal do que bem. Mas forçoso é reconhecer que a sua ausência é pior ainda.

E é isto. É bom chegar ao fim do dia com a noção de que ele começou pior.

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