26.12.23

Coisas, conversas

O princípio das coisas é relativamente simples e pode condensar-se em dois pontos:

a) As coisas são como são;

b) As coisas começam aonde começam e nunca acabam, como as viagens, os grandes amores, os bons livros e as noites que não têm fim.

Ou seja: um dia, daqui a muitos anos, poderemos definir aonde começou o nosso amor. Hoje ainda é cedo. E um dia - outro, diferente - poderemos saber porque não acabou esse amor, começado simplesmente com a expressão de um desejo: não te conheço, mas quero conhecer-te. Não te amo, mas quero amar-te. Não sei quem és, mas quero saber.

Amar é - ou começa por ser - uma projecção no futuro. Sou aquilo que fizeres de mim, és aquilo que fizer de ti. Um Lego que começa sem sabermos as peças que temos na mão. O resto interessa pouco, minha querida. Não passa de um conjunto de epifenómenos, arrumado em categorias definidas por terceiros: a família, a sociedade, os padres, a escola. A palavra-chave, meu amor, é terceiros. Antes deles há os primeiros e os segundos. Esquece estes. Nós somos os primeiros. 

O resto é conversa e segundos.

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