21.12.23

Diário de Bordos - Le Marin, Martinique, DOM-TOM França, 20-12-2023

Bom, comecemos então pelo fim, que é aonde começam verdadeiramente todas as histórias: hoje encontrei tinta para as canetas. Só havia uma marca - Waterman - e duas cores: azul «serenidade» e preto. Escolhi a azul, apesar de duvidar da serenidade que trará à minha escrita. De maneira agora tenho quase tudo. Só me falta um carta SIM da Digicell para ter rede e uma ligeiríssima operação cirúrgica para que tudo esteja na linha, por assim dizer. Espero duas respostas para um apartamento e que o S. D. se encha de clientes, coisas que acontecerão em breve, se Deus quiser. Ao contrário de Lisboa, o Marin ama-me.

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Comprei um rhum arrangé no mercado. É uma espécie de sobremesa líquida com um bom conteúdo alcoólico e muita fruta.  Bebo-o de vez em quando, quando chego a casa e me pergunto por que troquei isto tudo? Isto é: nada nos cai do céu, nada nos sai do mar (excepto eventualmente a felicidade e algumas baleias de bossa, mas isso são contas de outro rosário) e para chegar tive de vender o B. P., de trabalhar no P., de fazer não sei quantas horas de mar, de galère. E muitas horas de mar, de avião, de bom, mau e assim-assim, de amores, desamores e re-amores. Sinto-me como se estivesse no topo de um castelo de cartas, de um baralho em que não há duas iguais. Sessenta e seis anos de desequilíbrios... É obra, há que reconhecer.

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O Marin transformou-se numa armadilha para turistas. Ainda não encontrei o meu lugar mas sei que tenho um à espera. Tactear é a primeira obrigação do recém-chegado. Lamentar-se não entra sequer na lista.

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Tenho a data da exposição na Passevite: sete de Junho. Ponham na vossa agenda, põem, por favor?

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.