16.3.24

Diário de Bordos - Le Marin, Martinique, DOM-TOM França, 16-03-2024

Ando com a pele sedenta de sol, essa é que é essa e é tanta a sede que não há sol que lhe chegue.

A manhã foi a trabalhar com o T. no bote e no forro do camarote de bombordo. À tarde ia todo lampeiro para o meu encontro com os ioles mas foi tudo anulado. Passo os pormenores porque não me apetece pensar nisso agora. Fiz algumas fotografias jeitosas da praia, mas a frustração, a raiva e o desânimo eram demasiado fortes e acabei por pegar no bote e ir a Sainte-Anne, aonde tomei banho, me enchi de sol e comi um gelado acompanhado por um rum (quando penso que daqui a uma semana estarei no Cláudio nem acredito). No regresso ainda fiz um desvio para ir ver as Salines mas este bote não é feito para isso e voltei para trás. 

As fotografias não ficaram más mas estou demasiado cansado para as escolher. O raio desta operação continua a consumir-me uma energia louca, apesar de estar praticamente convalescido. Mai-lo sol, claro e o trajecto no bote. Vou comer um bokit ao Liv e depois venho para bordo diluir-me nesta mistura de sono, noite e cansaço, mistura essa que me põe a dormir com uma facilidade da qual não chego sequer a aperceber-me.

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O objectivo é entregar o S. D. num brinco e é muito difícil explicar o gozo que me dá a antevisão dele a brilhar de limpo e de arrumado. Deve ser mais ou menos o equivalente do prazer que têm aqueles tipos que lavam os carros todas as semanas. Pu o do marido que leva a mulher à ópera e a imagina toda aprumada, maquilhada e linda.

Ou então é simplesmente brio. Fazer bem ou não fazer - pelo menos como objectivo porque isto da perfeição é só para os outros. A mim não saiu na rifa, essa crápula. O prémio que ganhei não é bem um prémio: é esforçar-me. Há gajos a quem tudo sai sempre bem e à primeira. Os semideuses do outro - devem de resto ser os mesmos do que os meus. Tudo semideuses. Eu não. Tenho de tentar, esforçar-me, apontar para um objectivo que nem sequer é muito ambicioso: fazer bem ou não fazer de todo.

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Mark, o dono ou gerente ou empregado a tempo mais do que completo do Liv é adorável. Está casa é cada vez mais a minha cantina, agora que perdi de todo a vontade e a capacidade de cozinhar. É perto do barco e foge à regra número um dos restaurantes na Martinica: se é mau é caro e se é bom é caríssimo. 

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