Está sol, na cidade não se sente muito o vento, aqueço por dentro e por fora. O calor, o vinho tinto, a BH e o casal de yachties atrás dela. A rapariga tem os cabelos loiros e compridos e deixa-se tranquilamente seduzir enquanto o rapaz fala sem parar. De vez em quando ela estende os cabelos para os lados, diz uma frase ou duas, encomendam mais um copo de vinho - branco - não oiço a conversa mas parece-me que afinal não são yachties. O café Roma não seria lugar para eles, verdade, mas sou um optimista e pensei que talvez estes dois se tivessem aventurado para fora da sua "zona de conforto" (aspas porque é sarcástico). O rapaz eleva a voz, a rapariga remexe os cabelos, a BH enquadra a cena. No lugar do espectador um velho marinheiro bebe um copo de vinho, faz uma fotografia ou duas, faz valer a sua surdez parcial, aquece-se ao sol e ao vinho e tenta esquecer-se de tudo o que não seja sol, bicicleta, vinho tinto e esta paz que de repente o invade, maré a subir no monte St.-Michel mas sem o cavalo a galope. É preciso conciliar o "repente" com um cavalo a passo, iluminar a cena com o sol quente de um fim de tarde, imaginar uma autoestrada com vinte saídas em leque à nossa frente e perguntarmo-nos "qual delas vai o cavalo escolher? E eu? E a vida?" e tentar conciliar as três opções como se fossem só uma.
Como se eu fosse só um.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.