18.7.24

Diário de Bordos - Portocolom, Mallorca, Baleares, Espanha, 18-07-2024

A noite foi fácil e os sonhos alegres. É espantoso a influência que tomar uma decisão difícil e penosa tem na qualidade do sono. Antigamente, durante os temporais alijava-se carga, prática essa que consistia em deitar carga ao mar para garantir a sobrevivência do navio. Hoje isso já não se faz: uns senhores resolveram criar normas e regulações para nos protejer, como se não tivéssemos o direito de morrer como e quando queremos. Espero que esses senhores - ou alguém por eles - não se lembrem de regulamentar as más decisões, quando se tomam e quando nos livramos delas, por mais pele que se deixe no processo.

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Se por acaso algum dos meus leitores vier a Portocolom, uma má notícia: o restaurante do clube náutico fechou. História de rendas (e de estupidez, claro. O local está fechado). E uma boa: o restaurante Volare é excelente, tem um serviço impecável e não é mais caro do que os outros.

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Jantar com o S. R. ontem. O homem é enorme, deve andar pelos cento e vinte ou cento e trinta quilos, é veterinário (isto é, a mulher é veterinária e os dois são donos de um clínica que trata exclusivamente cães e gatos) e caçador, leitor e dono de uma enorme biblioteca (ele diz e eu acredito), maiorquino de boas famílias, estudioso de náutica e da sua história. [Adenda: também é um bocadinho chato, às vezes.]

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Os miúdos deste grupo são de uma boa educação notável. Pergunto-me até quando a América Latina resistirá.

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Soberbo jantar no Noray, Ses Covetes (praia de Es Trenc). Encontrei finalmente um arroz negro à altura do do Es Raor.

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O mar parece o lago de Genebra (ou Léman, consoante o lado da fronteira de onde se o considera), o EVE mal se mexe e como há muito espaço ferrei-lhe com quase trinta metros de corrente para menos de quatro metros de fundo, que ainda por cima é de areia da boa. Será preciso um tsunami para me tirar daqui.

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As minhas aventuras com (uma funcionária d)o SNS continuam. A formulação está um bocado bacoca - a senhora não representa o SNS. Representa-se a si própria e à parte da humanidade para quem ter poder é dizer não. O centro de saúde de Cascais tem pessoas adoráveis a trabalhar. Calhar-me esta senhora na rifa é azar, só azar. A ver se na semana que vem tenho mais sorte. 

(A menos que o problema sejam médicos de férias, no que não acredito. Essas devem estar marcadas há tempo suficiente para... para... Enfim, para.)

[Adenda: não sei aonde foram buscar essa ideia de que a saúde é um direito. É, sem dúvida, mas para quem tem dinheiro para a pagar. Quem está sujeito ao SNS tem o direito de esperar e é um pau por uma pedra.]

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.