Os meus esforços para ir a sítios "novos" (aspas porque não são novos. São só menos frequentados) continuam. Hoje com uma pequena variante: vim à charcutería selecta La Crème, que merece nomes e apodos e em vez de comer a habitual e magnífica sandes de presunto comi um fatia de pâté au poivre (a tradução é minha. Estava em espanhol) e uma de queijo San Simón fumado - tem a forma do Provolone fumado mas não lhe chega aos calcanhares, como de resto a senhora teve a gentileza de me avisar -, bebi uma quantidade razoável, nos dois sentidos do termo, de vinho tinto e fui iluminado por uma ideia.
Se uma senhora quer seduzir ou manter o homem que ama o método mais seguro e tradicional passa pelo estômago - isto é uma simples hipótese de trabalho - não deverá uma cidade fazer o mesmo? Isto é: Fidel, Joan, Xisco, La Crème, Pep e tantos outros não serão simplesmente braços de um desses deuses hindus enviados por Palma para me aprisionar aqui e me acorrentar pelo estômago (ou pelas papilas gustativas, mais exactamente)? Sendo que estas ruas, estas praças, estes prédios também reservaram uns braços.
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Estou sentado sozinho na mesa única da la Crème. Ao meu lado está a BH Glasgow Vintage. Revivo o meu espanto quando descobri que aqui a esmagadora maioria das lojas acha perfeitamente natural que se entre com a burra pela mão. Ao princípio era um dos meus critérios de escolha de lojas, mas deixou de o ser: quase todas deixam.
(Cont.)
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.