Venho almoçar ao Pep, metade por preguiça - está ao lado do P. - , metade porque é bom, metade porque tem ar condicionado e metade - a última - porque o gajo está uma simpatia.
São muitas metades, eu sei mas não me importo. A matemática é uma ditadura e há que resistir-lhe, desobedecer-lhe, opor-lhe as palavras. Vem-me à memória aquela frase do Lacan que vi ontem no FB (nunca consegui ler dele mais de dois parágrafos seguidos ou três alternados): «Se um homem que pensa que é um rei é maluco, um rei que pensa que é rei também o é.» Hesitaria em aplicar esta ideia à matemática, mas não deixa de ser tentadora.
Enfim, tudo isto porque estou cansado, estou cansado de estar cansado, cansado de dizer que estou cansado e por aí fora, numa cansativa e infinita espiral que só daqui a pouco parará, quando for dormir a sesta, apesar do calor. É «a terceira vaga», dizem os jornais, para quem a verdade não é de todo uma ditadura e que gostam de a adornar com fórmulas. Julgam que isso os ajuda a vender, apesar de essa mesma realidade os desmentir quotidianamente. Claro que podem sempre dizer que se se limitassem à verdade venderiam ainda menos, mas eu não acredito. Ou então venderiam, mas pelo menos poderiam andar na rua de cabeça levantada, que hoje não podem. Ou não devem.
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O «meu» P. deu hoje um grande passo em frente. Como sempre, o que deveria ter levado um mês já vai quase em três. A cada passo parece que estou a levantar ferro e que a corrente está presa numa rocha e é preciso chamar uma armada de mergulhadores mas eles ou não estão ou não respondem ao telefone ou estão doentes ou a estudar ou o raio que os parta. Como se o rochedo do Sísifo resvalasse mas não até ao fundo, a cada descida fica um bocadinho mais alto, mais perto do cimo. Pouco, mas mais alto.
(Cont.?)
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.