15.10.24

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 15-10-2024

Domingo à noite tive de ir às urgências do hospital de Palma e hoje fui a um centro de saúde completar o tratamento recebido no hospital. Não é a primeira vez que usufruo dos serviços de saúde desta cidade e posso portanto confirmar o que hoje à tarde intuí: esta cidade não tem doentes. Tem hospitais, centros de saúde, farmácias - mas doentes nem vê-los. A minha estadia no hospital, incluindo um engano que me custou dez minutos, foi de uma hora, porta a porta. No centro de saúde - enorme, limpo e vazio - havia uma pessoa à minha frente. Levaram mais tempo a tratar da papelada do que a médica levou a receber-me e receitar o que tinha a receitar. Exactamente como no nosso país, o que me deixa bastante sossegado.

Enfim, ironizo. Em Portugal é o contrário. Os serviços de saúde estão cheios, as esperas são imensas, os locais têm mau aspecto, terceiro-mundista. Vá lá, temos o Cristiano Ronaldo para salvar a honra do convento. Não fosse ele e a vida no nosso país não seria a mesma coisa. Seria pior.

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Escrevo no Antiquari, um dos meus lugares favoritos para escrever, aqui em Palma. Penso num post que li recentemente sobre como escolher escritórios. Comigo o processo é penoso. O sítio tem de ser bonito, ter a música baixo (já não há cafés sem música, infelizmente), confortável, não muito caro - peço regularmente qualquer coisa para beber, é a minha renda. Deixo o mais importante para o fim: a clientela tem de ser, ela também, bonita. Um lugar com pessoas aos berros e aos arrotos não me serve.

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Quase sem querer vejo-me arrastado para mais um «projecto». As aspas reflectem o meu cepticismo e ao mesmo tempo penso que quase sem querer não é bem verdade. Quero. 

Desta vez no norte do país. Quero. Mas o cepticismo mantém-se. Deve ser a esta mistura que se chama experiência. Ou bom senso, vá lá saber-se.

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