Não percebo de casas. Não percebo nada de coisas sólidas, com tijolos, janelas, portas e telhados. Tão pouco me peças para marcar datas num calendário: o tempo é demasiado sólido.
Fala-me de ventos e mar, correntes e barras, de agendas feitas de água. Fala-me de peles, de cabelos, de olhares, da solidão, esse "pecado capital" (CPC, tão lindamente). Fala-me de amor, a mais fugitiva das coisas sólidas. Fala-me da fugaz e falaz felicidade, como um tremor de terra. Fala-me de tudo, de placas tectónicas, de vulcões, tsunamis, do vento nas palmeiras, da areia que no deserto cobre os trilhos.
Fala-me de ti, desse teu sorriso que ilumina o mais negro dos passados, o mais luminoso dos futuros.
Fala-me das fluidas formas do amor, cristalizadas em ti. Fala-me das fluidas formas da vida, que nascem e desaguam em ti, foz e nascente.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.