«Vamos a um bar para esquecer», responde-me uma jovem senhora - por quem de resto tenho uma vasta admiração. Poderia passar horas a explicar-lhe que isso não é verdade.
E se for, não funciona. Talvez uma hora por cada ano de idade que nos separa?
Limito-me a pensar que há um fosso entre a monotonia e a vida; ou entre a repetição e a vida; «Où les routes sont tracées, je perds mon chemin.» (R. Tagore); «Rien n'est plus lent que la véritable naissance d'un homme.» (M. Yourcenar) Poder-se-ia quase mudar para: rien n'est plus lent que la naissance d'un homme véritable, não? Ou: rien n'est plus lent que la construction d'une vrai vie par un homme.» As variações são infinitas.
Como as horas, de resto. Pensamos que só há vinte e quatro delas em cada dia? Enganamo-nos, claro. Não sabemos sequer quantas vidas há em cada hora, em cada dia. Melhor limitar-nos a vivê-las, a fazê-la, tijolo a tijolo, hora a hora. Se são sempre iguais ou não pouco importa. «A repetição é um recurso do estilo», escreveu Nuno Júdice (aposto).
Mudar as rotinas de tal forma que essa mudança seja uma rotina.
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Ouvir música no telefone é muito cansativo. Espero conseguir resistir à tentação de comprar mais um par de colunas.
Há quem deixe pedrinhas brancas para encontrar o caminho de volta. Eu deixo colunas, sempre se vêem melhor. Não tenho é caminho de volta, mas isso é outra história.
(Vindo de quem está a ouvir a música da sua adolescência.)
Joan Baez: Balada de Sacco e Vanzetti. Não tarda estou a ouvir o Geraldo Vandré. No tablet, tem melhor som.
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Pus um peito de frango a marinar: sumo de um limão, rosmaninho, sumac, pimenta verde fumada e sal. Amanhã veremos, como dizia o ceguinho à mulher - que não tinha papilas gustativas.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.