14.9.25

Diário de Bordos - Santa Eulalia, Ibiza, Baleares, Espanha, 14-09-2025

Suporto pior a minha hipocrisia do que a alheia. É um erro semelhante ao de ser mais exigente comigo do que com os outros e deste já me corrigi. Excesso de aniversários, sem dúvida. Ao contrário do que frequentemente se pensa, é um excesso com consequências bastante positivas. Só me falta resolver isto das hipocrisias, a  própria e a alheia. É uma discriminação que - como de resto a das exigências - tende para o pedante. Coisa que não sou de todo. 

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Santa Eulália, Ibiza. Embarcação em boas condições se bem pequena (Lagoon 40, a quem possa interessar), clientes porreiros, stew a melhorar a cada minuto que passa. Ontem esperava o pior, hoje estou certo do melhor. Este curso de psicologia que tirei é bastante bom. Só é pena ser tão longo: mais de cinquenta anos e ainda não tenho o diploma de mestrado. Só tenho o bacharelato.

Não sou grande adepto deste porto mas como daqui vou para Formentera algo me diz que vou ter saudades.

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Minto, claro. Não me importaria nada de voltar a Migjorn e jantar no Vogamari. 

Quem é que precisa de uma vida quando tem a memória carregada? E toda misturada, como se fosse uma vida?

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Fugi do restaurante aonde fomos «jantar» (aspas porque uma tapa a dividir por dois é um lanche, apesar de ter sido mais do que suficiente) por causa de um jogo de futebol aos gritos e caí num que tem um músico que se imagina humorista. O homem não canta mal e estamos suficientemente longe para que a música não seja demasiado invasiva. Mas porra, a) podia limitar-se a cantar; e b) se não cantasse nem contasse piadas não se perdia nada.

Que saudades tenho do músico dos pubs de Kinsale. Conseguia fazer toda a gente esquecer-se das virtudes do silêncio, qualidade rara nos músicos de café de hoje.

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A Pila Conada (esta tem direitos de autora. É de uma senhora chamada Tânia) do bar Mirage, à marina de Santa Eulalia é bastante apreciável. Tenho pena de não poder beber uma segunda mas não tarda chegam os clientes e esperam-me duas viagens de dinghy. É isto a glamorosa vida de um charter skipper, para quem tenha dúvidas: não pode sequer beber uma segunda Piña Colada, coitado, por não haver lugar na marina e ter ficado fundeado.

1 comentário:

  1. Anónimo21:54

    Finalmente um texto! Tinhas-te quase esquecido que estavas de férias … 🤣. Boa continuação e até breve!

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.