2.10.25

Perímetros, compromissos

O tema não é novo, longe disso. Nem neste blogue nem noutro lado qualquer. Porém, merece voltar a ser mencionado porque evoluímos os dois, ele e eu. Trata-se do velho compromisso entre a tolerância e a paciência. Resultado sem dúvida do número de aniversários por que passo - não cessa de crescer - tenho cada vez mais de uma e menos da outra. Que cada um faça e seja o que quiser, desde que não me chateie. Infelizmente, o perímetro do "não me chateie" não pára de aumentar. Cada vez suporto menos a boçalidade, por exemplo. Note-se que não me passa pela cabeça mandar prender um boçal, impedi-lo de falar ou de mijar na rua. Só peço a quem organiza esta porcaria toda que ele não o faça ao pé de mim. Se uma mulher quer andar vestida na rua como uma "escort girl" (versão chique de puta, para quem não sabe) que ande. Tem todo o direito de o fazer. Não me peçam é que aprove, porque não aprovo. Aliás, penso que o lugar das putas é nos bordéis e não nas ruas. Ou seja: quem não o é e só as imita nem na rua deve andar, porque induz em erro. E se quiser andar que ande, mas longe de mim. É o tal perímetro. 

Claro que isto é discutível. Não me devia chatear porque um gajo querer mijar na rua ou uma mulher queque fingir que é puta. Afinal, não são meus filhos, irmãos ou cônjuge. E o que os outros pensam - de mim ou de quem está perto de mim - é-me totalmente indiferente. Contradições para as quais só Hildegarde von Bingen tem resposta. Refugio-me nos seus Cânticos do Êxtase enqanto bebo uma excelente cerveja siciliana e espero que a chuva passe para ir almoçar. 

Conclusão: a estética está a ocupar demasiado espaço no limitado espaço da minha mente.

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Releio isto e penso que a minha tolerância é infinita por uma razão simples: aprendi com o tempo a separar a parte do todo. A não tomar a parte pelo todo. A boçalidade, a vulgaridade, a avarície podem ser compensadas por qualidades que saltam menos à vista mas que estão lá, albergadas na mesma personalidade. É questão de se fazer com as pessoas o que se faz com a fruta: come-se a polpa e deita-se fora o caroço. A menos que esteja podre, claro. Aí vai toda fora.

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Intricado jogo de poder, este da paciência vs. tolerância. Alternam ao leme da barca que me serve de cérebro. Indiferente ao tamanho relativo de cada um a nave lá se vai governando como pode. 

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.