28.1.04

Contextualizemos e relativizemos

Por razões diversas, e motivações que o são menos, comecei a escrever sobre o Burundi - a que, provavelmente, se seguirá, ou adicionará, o Congo (então Zaire, nome que prefiro, se tivesse que preferir alguma coisa).

Antes de prossseguir, há duas ou três coisas que tenho de dizer:

a) Aquilo que vivi, tanto num como noutro país, foi duro, muito duro. Mas houve pessoas que viveram as mesmas coisas, e piores, infinitamente piores, durante mais tempo do que eu; comparada à de muitos, a minha experiência do tabalho humanitário é insignificante. No Burundi, por exemplo, eu estava colocado em Bujumbura, e só ocasionalmente ia ao terreno. Se bem houvesse igualmente violência em Buja, qualquer dos meus colegas colocados "na frente" poderia contar episódios mil vezes mais aterradores, mil vezes mais frequentemente;

b) Por vezes desrespeitava as normas de segurança. Estava longe de ser o único. Mas o que quero aqui deixar claro é que não tenho orgulho nenhum nisso: é muito mais difícil respeitá-las;

c) Não tenho grande opinião das ONGs (ou de muitas delas); e haverá, por vezes, um comentário menos abonatório sobre a organização com a qual fui para o Zaire. Não me dei bem com a corporate culture dessa organização, e duvido por vezes dos métodos, das motivações, dos objectivos, das justificações ou dos resultados das ONGs - mas quero igualmente que fique expresso e claro o respeito e a admiração sem fim que tenho pelas pessoas que nelas trabalham.

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