29.8.04

Um corpo, uma costa

Ele gostava de ver o seu longo corpo estendido na cama. Fazia-o pensar numa costa de altas falésias da qual se aproximara uma vez, ao fim de quinze dias de mar: primeiro não se vira mais do que uma ligeira mudança no azul do horizonte; depois essa coloração ficara mais escura, mais alta e mais comprida; e, finalmente, à medida que o barco se aproximava, o azul escuro, quase cinzento, foi-se transformando em verde, em castanho – e, como agora, num branco muito claro, resplandecente, prometedor.

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