O Limoncino del Lago, única forma aceitável dessa horrível mistela que dá pelo nome, e pela moda, de Lemoncello, acabou. A garrafa tem, infelizmente, poucos indicadores que permitam a sua importação directa: diz apenas que foi "Prodotto e imbottigliato da: CA nº VAA00006R nello stabilimento di Saronno (VA) Italy". E diz também que os "Ingredienti [são]: infusione alcolica di scorze e foglie di limoni non trattati, zucchero, acqua." E acrescenta: "SERVIRE GHIACCIATO." 28% de volume, 50cl. Ecco, signori (isto a garrafa não diz, digo-o eu).
Tive que trocar o Bartok pela Noah, acabou-se o Limoncino del Lago, e lembro-me agora que de Saronno só conheço o Amaretto; ao jantar falou-se dos problemas da escola, cá como lá; antes do jantar a filha saltou a cavalo - bem, claro, não é sequer preciso perguntar; o tempo passa, e o tempo é feito destas coisas: momentos bons que alternam com momentos maus, passados maus que pressagiam futuros bons, músicas boas e más, solidões e menos solidões. É isto matéria para uma vida?
Acho que sim. Troca-se a Noah pelo Lamento d'Arianna, e as sílabas soam, alegres:
"Ohimé dov´è il mio ben, dov'è il mio cuore?
Chi m'asconde il mio ben e chi me'l toglie?"
Ou então:
"Non è di gentil cuore
chi non arde d'amore"
Não sei se é matéria de uma vida, mas é de certeza matéria de um fim de noite agradável e melancólico; e como a vida é um fractal...
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.