14.7.07

Preconceitos

É impossível viver sem preconceitos e aprender se nos agarrarmos a eles. Nada mais agradável, portanto, do que ver uma das nossas ideias feitas demolidas pelo aríete da realidade, bem manejado - e substituída por outra, claro -.

Foi o que me aconteceu em Salvador, num restaurante cujo nome não tenho aqui mas que em breve aqui estará. O tema dessa construtiva demolição de paradigmas foi o café.

Até aqui defendia que é impossível fazer-se um bom café só com Arábica: fica aguado, sem corpo nem alma, saboroso como uma senhora muito bonita mas burra.

Não é verdade: que o deus do café seja louvado, bebi em Salvador o melhor café da minha vida (os mais maliciosos dos meus amigos diriam que isto é um understatement. Seja). 100% Arábica. Com a torrefacção no ponto exacto, precisa ao segundo e ao milésimo de grau.

- Levei um ano a procurar este café - disse-me o dono do restaurante, um senhor que num outro planeta foi comerciante de café em Angola.

- E eu uma vida a encontrá-lo - respondi.

Os melhores preconceitos duram anos e vão abaixo com uma chávena de café.

Adenda: o Restaurante chama-se Camafeu de Oxossi, e fica na Praça Cayru, nº 250 (é o Mercado Modelo), 1º andar, Salvador.

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