11.9.07

Escrever-te

Apetece-me escrever-te, dizer-te uns poucos dos milhares de coisas que ficaram por dizer, explicar-te que as palavras não são senão a espuma das coisas, dos sentimentos, dos dias, que a verdadeira vida está algures nas nossas peles, nos teus olhos, nas noites que não passámos juntos ou nas que viremos ainda a partilhar, nas emoções que já vivemos ou nas que viveremos, nessa coisa vaga e difusa a que a "inabilidade fatal" chama amor, no desejo tão forte e tão, simultaneamente, incompreensível, nesse vasto vazio que é a tua ausência, a distância; na vontade que tenho de te ver e falar e tocar e amar; és a vida, és a vida das palavras, a pele, o corpo e os olhos delas, és o que lhes está por baixo e por trás, tudo o que passou e o que por aí virá, és todas as sílabas do tempo, todos os fonemas do desejo, uma das metades do ditongo da vida.

Apetece-me tocar-te, e escrever-te na pele as letras do desejo, do amor, do tempo e da vida - são as mesmas.

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