11.9.07

Tempo

O Don Vivo é, os seus estóicos leitores já se aperceberam, um blog que oscila entre a memória e a refutação da memória, entre a tentação do futuro e o refúgio do passado.

Hoje lembrei-me, durante uma boa parte do jantar, de alguns episódios do meu passado (e contei-os). No fundo, o que queria dizer era: não somos o que fomos, não sou o que fui, tudo mudou - o mundo, eu, vocês.

Não é verdade, claro: não somos impermeáveis ao tempo, mas por muito que refutemos o passado ele habita-nos. Mesmo que já tenhamos "mudado de casa" mil vezes, mesmo que o tempo, para nós, se decline apenas no futuro, por muitas vidas que já tenhamos vivido, há uma parte de nós que transporta tudo o que fomos, e outros foram antes de nós (se não, como explicar a emoção que sinto ao ouvir as Vésperas de Rachmaninov)?

Não habitamos o passado, mas o passado mora em nós. Devo dizer que o passado me enjoa, todos os passados - os que já foram, e os que são hoje. Devo.

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