Bem vistas as coisas, vir jantar a um restaurante brasileiro quando na segunda-feira volto para Salvador é um pouco estúpido. Tanto mais que o restaurante é medíocre. Mas as coisas nem sempre são bem vistas - perguntem aos outros clientes do restaurante, empregadas de escritório em busca de exótico no centro comercial, velhos solitários que dividem a quantidade de carne que aqui podem comer pelo preço que vão pagar, e acham boa a relação, e brasileiros à procura de um cheirinho de casa, ersatz mas barato.
A empregada não é brasileira, é panamiana, e é muito bonita. Fez-me lembrar uma prostituta que conheci, um dia, em Balboa, mesmo antes de passar o Canal. Àquela mandei-a embora, à procura de melhores clientes; a esta, falei-lhe do lago Gatún, que é lindo, e dela, que também é. Há muitos anos tive uma namorada que me mandou passear por excesso de amor. Excesso de amor no sentido dela para mim: ela amava-me, afirmava, demasiado, e isso não era “saudável”. Eu dizia-lhe para não se preocupar: à medida que me fosse conhecendo, amar-me-ia menos, muito menos. Mas ela não foi em histórias: “o amor não deve ser uma prisão”, explicou-me gravemente, antes de me dizer: “por favor não volte a telefonar-me”. Não voltei. Hoje, anos passados, envio-lhe por vezes um SMS, que ignoro se ela recebe. Nunca me respondeu. Nunca nos chegámos a tratar por tu, apesar de nos termos amado furiosa, profundamente.
É por isso que agora só me dedico a seduzir empregadas do centro comercial: a essas, tratamo-las por tu à segunda cerveja, e ao café sabemos se é sim ou não. Como elas não querem amor – e, de resto, nem acreditariam, se eu lhes dissesse que as amava – as fontes de conflito são outras: mandam-me passear quando descobrem que não sou o velho gordo e rico que elas imaginavam: sou velho e gordo, sim (isso elas vêem logo), mas sem um chavo.
Não me importo muito: em geral, quando elas descobrem já me fartei delas, pelo que a “separação” não me custa muito. Mas esta panamiana é diferente, vejo-lhe no olhar, e no corpo: é um bocadinho gorda demais para o meu gosto – num casal, um de cada coisa chega: um homem, uma mulher, um velho, um gordo, um teso, um feio, etc. – e mais inteligente do que a maioria das outras. Pelo menos é o que me parece.
Gosto muito dela. Na realidade já vim várias vezes a este restaurante só para a ver, para ver os seus irónicos olhos verdes, e imaginar-lhe os seios, volumosos. Hoje falei-lhe, pela primeira vez, e até a convidei para vir passear de barco, o meu truque de último recurso, a minha arma atómica, a que reservo para casos muito especiais. Ela disse que não.
A empregada não é brasileira, é panamiana, e é muito bonita. Fez-me lembrar uma prostituta que conheci, um dia, em Balboa, mesmo antes de passar o Canal. Àquela mandei-a embora, à procura de melhores clientes; a esta, falei-lhe do lago Gatún, que é lindo, e dela, que também é. Há muitos anos tive uma namorada que me mandou passear por excesso de amor. Excesso de amor no sentido dela para mim: ela amava-me, afirmava, demasiado, e isso não era “saudável”. Eu dizia-lhe para não se preocupar: à medida que me fosse conhecendo, amar-me-ia menos, muito menos. Mas ela não foi em histórias: “o amor não deve ser uma prisão”, explicou-me gravemente, antes de me dizer: “por favor não volte a telefonar-me”. Não voltei. Hoje, anos passados, envio-lhe por vezes um SMS, que ignoro se ela recebe. Nunca me respondeu. Nunca nos chegámos a tratar por tu, apesar de nos termos amado furiosa, profundamente.
É por isso que agora só me dedico a seduzir empregadas do centro comercial: a essas, tratamo-las por tu à segunda cerveja, e ao café sabemos se é sim ou não. Como elas não querem amor – e, de resto, nem acreditariam, se eu lhes dissesse que as amava – as fontes de conflito são outras: mandam-me passear quando descobrem que não sou o velho gordo e rico que elas imaginavam: sou velho e gordo, sim (isso elas vêem logo), mas sem um chavo.
Não me importo muito: em geral, quando elas descobrem já me fartei delas, pelo que a “separação” não me custa muito. Mas esta panamiana é diferente, vejo-lhe no olhar, e no corpo: é um bocadinho gorda demais para o meu gosto – num casal, um de cada coisa chega: um homem, uma mulher, um velho, um gordo, um teso, um feio, etc. – e mais inteligente do que a maioria das outras. Pelo menos é o que me parece.
Gosto muito dela. Na realidade já vim várias vezes a este restaurante só para a ver, para ver os seus irónicos olhos verdes, e imaginar-lhe os seios, volumosos. Hoje falei-lhe, pela primeira vez, e até a convidei para vir passear de barco, o meu truque de último recurso, a minha arma atómica, a que reservo para casos muito especiais. Ela disse que não.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.