A senhora tem, forçoso é reconhecer, um emprego horrível: vende compaixão, piedade, hipocrisia e boa-consciência à porta do supermercado. Todos os dias, faça sol ou faça chuva, lá está, sentada directamente no chão e com um cartaz na mão a dizer que tem dois filhos e a solicitar a nossa ajuda "à família".
Eu não compro. Declino, gentilmente. Mas, num quarteirão popular como este que atravesso todos os dias para vir trabalhar, vejo que tem muitos clientes - suponho que mais para a linha "compaixão" e "piedade" do que para a "hipocrisia" e "boa-consciência".
Deve ser muito aborrecido, como emprego, mas ela leva-o a sério: contorce-se, mima intoleráveis dores, dirige-se directa e frontalmente aos passantes, é histriónica, convincente. Quando vejo o que pago à minha mulher a dias, imagino o que esta senhora ganha por mês - mas gabo-lhe a dedicação, o esforço, o espírito de sacrifício.
Eu não compro. Declino, gentilmente. Mas, num quarteirão popular como este que atravesso todos os dias para vir trabalhar, vejo que tem muitos clientes - suponho que mais para a linha "compaixão" e "piedade" do que para a "hipocrisia" e "boa-consciência".
Deve ser muito aborrecido, como emprego, mas ela leva-o a sério: contorce-se, mima intoleráveis dores, dirige-se directa e frontalmente aos passantes, é histriónica, convincente. Quando vejo o que pago à minha mulher a dias, imagino o que esta senhora ganha por mês - mas gabo-lhe a dedicação, o esforço, o espírito de sacrifício.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.