19.12.08

Cem anos, sem.

Hoje no restaurante ouvi (e devo dizer que sou ligeiramente surdo, infelizmente - gostaria de o ser muito mais) uma conversa entre um eminente cineasta da nossa praça e uma, também eminente, personalidade política da também nossa (ou deles, no caso) praça.

Lá para finais do almoço a conversa descambou para Manoel de Oliveira, como deve escrever-se e dizer-se, parece. E diz a eminente personalidade política: "eu nunca gostei dos filmes dele, mas sempre pensei que a "culpa" [as aspas reflectem um trejeito na voz] era minha, que era eu que não o percebia".

Pouco depois, claramente em resposta à pergunta "Mas porquê?" (o "mas" é meu), esclarecia o eminente cineasta: "porque se montou toda uma máquina à volta dele e agora ninguém tem coragem para dizer que o rei vai nu. É demasiado tarde". É bom ouvir duas ou três coisas sensatas sobre Manoel de Oliveira, sobretudo quando não são ditas por mim - para além, claro das de Alberto Gonçalves.

E estou a poupar muito na descrição: ouvi coisas como "é o maior equívoco nacional", "em Paris teve x espectadores. Ora em Paris há mais intelectuais do que isso. Nem os intelectuais o vão ver"; "«Amor de Perdição» é o pior filme que jamais foi feito em Portugal" - opinião esta que partilho de todo o coração, tive que o analisar para o exame de entrada na Escola de Cinema do Conservatório (esclareço que passei, apesar de ter demolido o filme, honra seja feita aos professores que corrigiram as provas). Os bois acabam sempre por ter nomes; é preciso é tempo, muitas vezes...

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