4.12.08

Serviço Público - Restaurantes

Nunca sei bem por onde começar, nestas circunstâncias. Afinal, quando nos apaixonamos subitamente por uma jovem senhora nunca sabemos se é por ser bonita, ou apesar de o não ser; se por ser muito inteligente, ou muito dinâmica (nunca me apaixonei por nenhuma que não fosse as duas, portanto não sei bem como são as alternativas); enfim: não sabemos bem explicar porque nos apaixonámos, se bem depois (às vezes, muito depois, demasiado depois) a razão nos pareça clara e cristalina como um copo de vodka às seis da manhã.

Felizmente com os restaurantes as coisas são mais simples, muito mais simples. E com a Taberna Ideal mais simples ainda: é impossível não gostar imediatamente daquele espaço, mesmo antes de comer: por causa da decoração, do ambiente, do dinamismo e simpatia da dona. Não se vai a um restaurante apenas para uma experiência gastronómica: se assim fosse, um cubo branco com paredes nuas e um excelente cozinheiro seriam suficientes; não é o caso, todos nós sabemos.

A Taberna Ideal tem alguns defeitos, tal como uma senhora bonita tem um sinal no sítio da face que considera mais interessante (ou a natureza, por ela): mas as qualidades são tantas que pouco tempo ou nenhum perderemos com eles. Vamos antes às qualidades: é bonito e original, não é caro, é bom, a dona é bonita, inteligente e dinâmica (honnît soit...), o serviço é excelente, não é caro, é bom (...estarei a repetir-me?)

Rua da Esperança, 112-114. Fecha às Segundas-feiras. É imperativo reservar (pelo menos às quintas, sextas e sábados ao jantar) e chegar à hora da reserva. Tel.: 213 962 744.

PS - Há uma certa categoria de restaurantes aos quais chamo "parisienses". Não tem nada a ver com a comida (em Lisboa conheço três: um é asiático - Café Malaca-, outro português muito médio - Mercatudo - e o terceiro conheci hoje, é a Taberna Ideal). São, para mim, parisienses por causa do ambiente, por causa da personalidade (por acaso apercebo-me agora que todos eles pertencem a senhoras. Não sei se é uma coincidência; duvido), porque sabem que quando se vai comer a um restaurante não se vai só para comer.

(Enfim, estou apaixonado pela Taberna Ideal e sei explicar porquê: estas são as melhores paixões.)


Adenda - a segunda visita confirma a intuição que provocou a primeira.

Os amores à primeira vista dão normalmente certo quando se trata de amores, e errado no que respeita a restaurantes. A Taberna Ideal é a excepção que confirma a regra (dos restaurantes).

16 comentários:

  1. Foi também por esse ambiente a lembrar o parisiense, que há uma semana atrás, reservei lá mesa, para daqui a uns dias e, sem dúvida, espero gostar tanto como se percebe que gostou :)

    Além do mais, foi através da Taberna Ideal que encontrei o seu blog :)

    Só necessitava do nº de telefone, acabei por ler todos os s/posts (até aqui)...

    Em comum, também Lisboa...

    Belas fotos as daqui :)

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  2. Muito obrigado pela visita, e pelo cumprimento. Quanto ao restaurante, acho que vai gostar, sem dificuldade.

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  3. Também gostei de visitar o seu blog. Na realidade, pensei que tinha chegado ao Don Vivo devido ao café...

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  4. Gostei :)


    Tanto, que já reservei de novo mesa, para um outro jantar, com pessoas diferentes.

    De sensibilidades diferentes. Decerto gostarão.


    Obrigada pela visita :)

    Espero que já tenha bebido um café no... "entretanto" :)

    Importa-se que o "link" e que passe a fazer parte da minha lista de blogs?

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  5. Se me importo? Por amor de Deus, fico-lhe grato.

    Sabe que o nome do seu blog me faz sonhar? Sou um grande apreciador de café, e durante muito tempo pensei que um café tinha que ter uma certa percentagem de Robusta, só Arábica não chegava. Mas em Salvador bebi um Arábica puro que me destruiu (de certa forma; por outro lado confirmou-a) essa ilusão: é possível beber Arábica puro - mas é muito, muito difícil...

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  6. ...pois eu nunca bebi um Arábica puro (tambem nunca fui a Salvador...nem ao da Bahia nem a San Salvador), mas o nome "Arábica" também sempre me fez sonhar...talvez com outras latitudes e longitudes, outros tons de terra, outros aromas...

    Daí o ter utilizado, quando de manhã, bebendo o primeiro café do dia, criei o blog...

    Não fique grato, por tão pouco.

    O seu blog merece: a sua escrita, cuidada, cai bem, as fotografias, levam-nos ao passeio...

    E a música...essa...em cheio :)

    Eu é que agradeço, Luis.

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  7. Agradecemo-nos os dois, então, cara Arábica.

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  8. ...E já agora em qual dos Salvadores bebeu o Arábica?

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  9. Em Salvador da Bahia, num restaurante chamado Camafeu de Orixá. Foi uma revelação...

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  10. É bem mais entendido em café do que eu, que sou mais "viciada" nele, do que própriamente "expert"...
    Será o Arábica brasileiro muito diferente dos outros?
    Porque foi tão dificil a sua degustação?

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  11. Cara Arábica, aqui vão as respostas:

    a) Não foi difícil degustar um café puro arábica. O que foi difícil, isso sim, foi encontrar um de que gostasse. A arábica dá "fineza", complexidade, subtileza ao café, enquanto que a Robusta lhe dá corpo, solidez. Os "verdadeiros" apreciadores desprezam a Robusta: dizem que se mistura no "verdadeiro" café (a arábica) para o tornar mais barato. Eu não concordo - ensinado de resto por um produtor de café de quem fui, há muitas vidas, skipper (e, coincidência, bem conhecido pelo dono do Camafeu de Orixá, que vem, igualmente, de Angola): um bocadinho de Robusta (15, 20% no máximo) contribuem para dar corpo a um café que de outra forma - se for puro arabica - é dmasiado "fraco", "aguado", por muito bem que cheire.

    No tal Camafeu encontrei um Arábica com todas as qualidades do Arábica e que dispensava perfeitamente o Robusta, pois era bastante encorpado.

    O dono do camafeu, com quem tive, como pode imaginar, bastantes conversas (fui a Salvador algumas 5 vezes, este ano e o ano passado) disse-me que tinha levado um ano até encontrar aquele produtor, e depois outro ano até ele fazer o café exactamente como ele o queria.

    Quanto às diferenças: o café é como o vinho; cada "terroir" faz o seu café. Um excelente Arábica, or exemplo, é o da Guatemala.

    Enfim, há muitos outros.

    Luis

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  12. Gratissima, Luis! :)


    Lembro-me de há uns anos ter visto num qualquer canal por cabo, uma reportagem sobre café e julgo que era na Guatemala. Também lá referiam o tempo que se demorava a estudar o grão, o solo, enfim, todas essas caracteristicas que nos deliciam, quando depois, nos é servido o "elixir"...

    O único país que visitei, em que apreciei deveras o café, foi o Senegal.

    Forte, encorpado e aromatizado.

    Mas nem sempre o encontrava.
    Dependia dos hotéis.

    No Chipre, por exemplo, só uma empregada do bar, sabia "tirar" um café quase perfeito (mantêm o velho hábito do café turco, que sinceramente, não consigo apreciar).

    E sempre que saio, sei que vou regressar a "ressacar" a ausência dos bons cafés que por aqui vou bebendo :)


    Nunca lhe aconteceu?

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  13. Se nunca me aconteceu? Acontece cada vez que saio de Portugal ou quase. Porém, ao contrário de si gosto de café turco. Um bom Moka, se possível aromatizado à cardamoma, e bem feito - as regras para um bom café turco são complicadas (há que deixá-lo subir três vezes, sem NUNCA ferver; e há quem, para o fazer descer após as duas primeiras subidas, o aspirja de água fria. Mais: deve começar-se SEMPRE com água fria, nunca com ela quente,e aquecer-se a lume brando) é muito, muito bom. Frequentemente trago da Suíça café para este tipo de preparação, mas creio - sem ter a certeza - que já o vi cá.

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  14. Pois...não sei se o café turco que me ofereciam no bar da praia(por gentileza, por quereram criar laços) seria feito com tal precisão...cardamoma não tinha pela certa, mas de resto, eu via o café subir e depois ser retirado, para voltar a subir...de qualquer forma, o que me incomodava mesmo eram as "borras" do café...por vezes, para os não ofender bebia, mas depois, ia ao outro bar, ter com a tal empregada, em busca de um expresso, curto e cremoso :)

    Skiper?

    Eu sou uma reles marinheira que há 4 anos não põe a mão num leme.

    Mais uma ressaca, agora já domesticada.

    :)

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  15. As borras são horríveis, mas não são para beber; quando muito, para adivinhar futuras ressacas. ;-)

    Se quiser, pode escrever-me para Lserpa@gmail.com.

    Luis

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  16. Bom dia, Luis!

    Pois não são. Eu sei.

    Eu tentava que não viessem.

    Eu tentava impedi-las :)

    Nunca consegui. Diziam-me ser assim e eu a rir, desconfiada, crente que não, lá ia bebendo, sempre que as regras da boa educação, me obrigavam a tal :)

    Nunca acreditei que aquele fosse um verdadeiro Moka, um verdadeiro café turco. Garanti-o ao meu companheiro de viagem, a quem as borras, de resto, passavam despercebidas...

    Enfim :)

    Eis que a verdade se revela :)

    Também aqui lhe deixo o meu mail,
    vanda.balthazar@gmail.com.

    E uma correção: não sinto a adrenalina do Tejo há quase 6 anos (e não quatro).

    O tempo passa demasiado rapido...

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.