9.6.09

Diálogos Reiserianos; ou: o Pateta dos Afectos

Situo este diálogo em vários locais possíveis, mas a primeira vez que o ouvi foi num avião da TAP, creio. Momentos depois, a senhora e o senhor que falavam levantaram-se e dirigiram-se para a parte traseira do avião, de onde regressaram cerca de 20 minutos depois.

- Já não tenho vida sexual; agora, só vida afectiva - dizia ele, antes da tal deslocação.

As respostas variam, consoante o local onde a frase foi dita.

Num bar do Bairro Alto pela barmaid, uma brasileira estonteante de boa:
- Sem vida sexual não tem vida de todo. Só vida afectiva é foda, viu?

Numa cama da classe média de Cascais:
- Oh, cala-te e fode. Já chateias, com essa merda do afecto e do amor e de sei lá que mais.

Num bar do Intendente:
- Afé quê? (Em aparte): Ó Manecas, olhá'qui pra este gajo qu'anda com coisas esquisitas.

Num jantar em Campo de Ourique não houve propriamente diálogo, mas a anfitriã, à saída, deixou um bilhetinho na mão do senhor que proferiu tão profunda frase. Ele mostrou-mo (era tão mal-educado como sensível): "N., adorei aquilo que disseste hoje. Pf telefona-me amanhã à tarde" (A., o marido da senhora, ia para Nova Iorque no dia seguinte de manhã).

2 comentários:

Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.