16.7.09

Pacto

Um gajo pensa que tem um deal com uma senhora, uma instituição, a vida. Qualquer um, simples, dois termos de cada lado, três. Um gajo pode, até, basear toda a sua vida neste deal, ou noutro qualquer; ou um dia só, uma hora. Pouco importa. E a senhora, a instituição, a vida falham. Um gajo fica perdido, claro. À deriva. À deriva nos sentimentos, nos afectos, nos amores, nos futuros. Não. Um gajo não é feito para andar à deriva. Não é um pau, um madeiro, um tronco. Não é verde, nem castanho. É encarnado, ou preto, azul, branco. [À deriva nas cores].

Claro que não. Um gajo não deriva, não se pinta, não muda de côr. Mantém o rumo e a compostura; a atitude, como eles dizem nos aviões. E segue em frente, como um quebra-gelo, percebes? Que se foda o deal - de qualquer forma o único pacto que conta é o que um gajo faz consigo próprio. Chato, claro. Mas inevitável, se um gajo quer ser um gajo.

É como ir para a arena sabendo que se vai ser comido vivo: um gajo tem que ir, porque se não fôr é pior. Pode viver-se sem um braço, mas não com a eterna companhia da cobardia; ou com o falhanço, mas não com o medo de falhar. E não se pode fugir.

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