Não deve haver adolescente da minha geração que não tenha tido sonhos misturados com o "Ninguém!" de Almeida Garrett e o "O meu nome é Ninguém" de Terence Hill, que surgiram, se não me falha a memória, mais ou menos ao mesmo tempo (nas nossas vidas, claro. Nas deles há um lapso de tempo relativamente grande).
Curto prólogo para dizer que não vou contar histórias, coisas inventadas que só serviram para desviar as palavras da sua nobre função: dizer a verdade. E é a verdade que vou dizer: o meu nome não é Ninguém. É de uma banalidade semelhante à do sol ao meio dia ou lá perto: chamo-me José Silva. Ando pelos 50 anos - o que qualquer leitor da mesma idade deduziria, por causa dos Ninguéns - e não acredito no D. Sebastião. Mais depressa acreditaria no Terence Hill.
Aliás acho lamentável que um povo tenha tido que inventar o sebastiânico mito para poder decair em paz, tranquilamente, num canto. Eu não alinho. Para mim D. Sebastião morreu na praia, as manhãs de nevoeiro são uma chatice - sobretudo para quem vive em Cascais perto do farol de Sta. Marta - e os portugueses um povo de cobardolas que, para apodrecer calmamente, inventou um futuro risonho avant la lettre. Eu prefiro a verdade nua e crua (não poderia ser de outra forma, aliás: a verdade vestida ou cozinhada é mentira, não é?)
Por isso digo, orgulhosamente, só: o meu nome é José Silva. Todos os dias. E numa manhã de sol a pátria acolher-me-á montado num cavalo branco, fácies inexpressivo (que eu sei como se deve comportar o vencedor). Já daqui vejo a cena: o sol, os faróis todos do país a roncar em uníssono as sirenes de nevoeiro, eu a entrar pela praia do Guincho adentro, o cavalo altivo entre filas de papalvos admirativos a murmurarem: "Não é o D. Sebastião. É o José Silva".
Que idade terei, nessa altura? Não sei. Mas dada a tendência longeva dos genes familiares, talvez 100 anos, não é impossível. Ou seja, terei que viver mais uma vida como a que vivi até agora. Venha: sei esperar.
Curto prólogo para dizer que não vou contar histórias, coisas inventadas que só serviram para desviar as palavras da sua nobre função: dizer a verdade. E é a verdade que vou dizer: o meu nome não é Ninguém. É de uma banalidade semelhante à do sol ao meio dia ou lá perto: chamo-me José Silva. Ando pelos 50 anos - o que qualquer leitor da mesma idade deduziria, por causa dos Ninguéns - e não acredito no D. Sebastião. Mais depressa acreditaria no Terence Hill.
Aliás acho lamentável que um povo tenha tido que inventar o sebastiânico mito para poder decair em paz, tranquilamente, num canto. Eu não alinho. Para mim D. Sebastião morreu na praia, as manhãs de nevoeiro são uma chatice - sobretudo para quem vive em Cascais perto do farol de Sta. Marta - e os portugueses um povo de cobardolas que, para apodrecer calmamente, inventou um futuro risonho avant la lettre. Eu prefiro a verdade nua e crua (não poderia ser de outra forma, aliás: a verdade vestida ou cozinhada é mentira, não é?)
Por isso digo, orgulhosamente, só: o meu nome é José Silva. Todos os dias. E numa manhã de sol a pátria acolher-me-á montado num cavalo branco, fácies inexpressivo (que eu sei como se deve comportar o vencedor). Já daqui vejo a cena: o sol, os faróis todos do país a roncar em uníssono as sirenes de nevoeiro, eu a entrar pela praia do Guincho adentro, o cavalo altivo entre filas de papalvos admirativos a murmurarem: "Não é o D. Sebastião. É o José Silva".
Que idade terei, nessa altura? Não sei. Mas dada a tendência longeva dos genes familiares, talvez 100 anos, não é impossível. Ou seja, terei que viver mais uma vida como a que vivi até agora. Venha: sei esperar.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.