3.4.10

"LITORAL DE CASCAIS ASSASSINADO POR INDOLÊNCIA"

Não resisto a publicar na íntegra este post do Portugal Vela. Conheço o Miguel Lacerda há muitos anos; é das poucas pessoas pessoas no nosso país e nesta área por quem tenho um respeito sem fim; e acho incompreensível, dolorosamente incompreensível, como se deixou a situação chegar a este ponto.

"Infelizmente, virou a moda nesta semana Santa (Páscoa), a apanha de bivalves, moluscos e crustáceos (mexilhões, lapas, burriés ou caramujo e perceves).

Não seria preocupante se este facto se concentrasse no simples cidadão que vai apanhar 2 ou 3 kg para comer junto da família. Não é o que se está a passar, são profissionais que vão ás centenas e apanham em pouco mais de duas horas na baixa-mar, toneladas de organismos marinhos.

Já no ano passado denunciei (por escrito), este facto às autoridades competentes que fazem questão de ignorar o assunto, porque é incómodo, de difícil trato e muito comprometedor.

Na Quinta-feira passada, tomei a iniciativa de relembrar que isto iria voltar a acontecer. Mais uma vez ninguém se preocupou com o assunto. Esta mensagem vai no sentido de pedir ajuda aos meus amigos que, divulguem este facto. Espero assim conseguir surtir algum efeito a quem de direito.

Vivemos num país a brincar, onde os projectos e as acções são de fachada, pouco comprometedores, ou então megalómanos de grande visibilidade e retorno imediato, nada que satisfaça a realidade e o bom senso. Quando é necessário tomar medidas mais embaraçosas ou drásticas, rabinho entre as pernas e desaparecem!

Foto a foto descreverei com mais pormenor o que se está a passar:



Isto é só um exemplo numa pequena área no mexilhoeiro na zona da Guia. São centenas de pessoas que na baixa-mar limpam por completo as rochas. Isto passa-se em toda a costa, em Cascais as zonas mais afectadas são quatro, Cabo Raso, zona da Guia, Bafureira e Avencas.

Queixamo-nos que cada vez temos menos peixe na nossa costa, pudera.. toda a acção que é feita é intencionalmente direccionada em sentido contrário.Como cascalense sinto-me ofendido de não ter servido de nada a minha denúncia e o meu aviso, e mais ainda de não ter visto ninguém fiscalizar esta acção.


Estas zonas acabam por ficar completamente desertificadas de qualquer ser marinho, são anos para se recomporem.

Fala-se e brinca-se muito de protecção, preservação, acções de sensibilização, mas quando é preciso tomar medidas sérias e verdadeiramente eficientes nestas áreas…É MENTIRA!

Aqui não existem gravatas, câmaras fotográficas, televisões nem público… como tal, pouco interesse tem!


É um pequeno exemplo de o que um indivíduo apanha durante cerca de 2,5h na baixa-mar, se repararem bem pode ter mais de 50Kg de organismos marinhos capturados, multipliquem isto por umas centenas de pessoas…em dois ou três dias.


Esta apanha é proibida feita desta forma, deve ser controlada e sazonal, quem o faz tem que ter licenças e métodos de captura, as autoridades fecham os olhos.


Esta inacção por parte das autoridades competentes, ou os focos centrados em coisas fáceis e fúteis, contribuem também para a degradação e empobrecimento dos nossos recursos marinhos.


Não sou fundamentalista, mas poderei afirmar que tenho uma noção muito exacta de como se encontra a nossa costa e o estado actual dos recursos marinhos.


Não é difícil perceber que algo de anormal se está a passar nestes dias, só as autoridades não o querem ver ou tomar medidas, pois não há lugares para estacionar junto aos locais críticos.

Ao fim da maré, foi ver centenas e centenas de sacas a entrarem nos porta-bagagens das viaturas… onde estava a fiscalização?


Queridas gaivotas, procurem outro lugar… pois aqui qualquer dia só têm pedra para comer… nessa altura vai aparecer um brilhante que tem a excelente ideia de salvaguardar a nossa costa.

Começa a ser típico… basta ver a Avencas!"


E, de passagem, aproveito para louvar o Portugal Vela e o magnífico trabalho de divulgação que está a fazer, e a agradecer-lho.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.