20.4.10

Ornette, a noite e um whisky no canto do bar dos sonhos

Ornette toca; hesita entre a angústia, a alegria, o júbilo - pergunta-se (ou nos) se devemos realmente estar ansiosos; ou, estando felizes, se o devemos estar. Nunca nada é claro em Ornette. Como a noite numa grande cidade, ou no mar com lua cheia: não sabemos bem se é noite se é quase, ou ainda. Na dúvida, vou ao bar dos sonhos beber um whisky.

Há muitas belezas no mundo: um dia de sol, um dia de chuva, um dia de vento; um corpo nu, um corpo vestido, um corpo que se pede, um corpo que se dá; o mar azul e calmo, ou cinzento e violento; a música de Hildegarde von Bingen, a de Jeanne Lee, a de Ornette, que agora toca; há quadros lindos e quadros feios que são fantásticos, como os de Bacon; há milhares de coisas e só uma: a vontade, e o talento de as partilhar.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.