A Switch é um operador de charter à cabine de custo reduzido. Ou seja: em vez de alugar barcos inteiros, como no bareboat charter, aluga-os ao camarote; e baseia-se na quantidade para assegurar o retorno do investimento.
Assisti ao nascimento da Switch, nos anos 80, e a todos os debates que suscitou - o primeiro dos quais sendo, naturalmente, que o mar ia deixar de ser dos marinheiros e de quem o conhecia e apreciava e ia ser entregue aos "bichos" (quase literalmente: os marinheiros franceses chamam "elefantes" aos terráqueos).
Nessa altura havia muitas dúvidas sobre a viabilidade de uma empresa que ia pôr o mar ao alcance de todos. Eu sempre acreditei que seria viável. Apercebi-me muito cedo de que o mar é uma forma particular de turismo, e não uma forma particular de vida reservada a extra-terrestres.
A Switch organiza cruzeiros às Grenadines (entre outros destinos) com partida do Marin. Numa semana o programa inclui Bequia, Moustique, Tobago Cays, Mayreau, Clifton, Bequia de novo e Marigot (isto no programa "Clássico"; o programa "Combinado" é basicamente o mesmo, mas dura duas semanas, uma das quais no barco e outra em hotéis em Union e St. Lucia).
É fácil de ver que mesmo no "Combinado" o programa é demasiado carregado. No "Clássico" nem se fala: "é pior do que Paris", dizia-me um dia uma jovem passageira. A juntar a isto - a que no fundo se pode argumentar que é o que os clientes querem - há o estado deplorável dos barcos, e os salários demasiado baixos.
O ponto positivo é só um: há trabalho, muito. Basta querer. No fundo o negócio é bom para skippers e para a empresa - e a maioria dos clientes sai satisfeita. Uma situação em que todos ganham, portanto: skippers, empresa e clientes, até certo ponto.
Mas o trabalho é esgotante. Sete dias vezes a quantidade de embarques que se pretende fazer (por defeito três, mas é possível fazer até cinco), com horas de sono reduzidas, grupos enormes (num catamaran de 41' oito pessoas), comida má e sempre igual (quem cozinha são os clientes, mas as provisões são fornecidas pela empresa), percursos invariáveis (é muito raro que um grupo aceite uma mudança no percurso. Hoje aconteceu, seja Deus louvado, e vou passar mais uma noite em Bequia, em vez de a passar em Moustique), e a carga, à qual ninguém dá o devido valor, de aturar durante uma semana pessoas com quem, em condições normais, não passaríamos uma hora.
Apesar de tudo, continuo a achar que tenho o melhor emprego do mundo. Hoje é na Switch; amanhã será noutra qualquer, melhor (todas o são). O mar é o mar, Bequia Bequia e a felicidade leve. Que mais querer?
Assisti ao nascimento da Switch, nos anos 80, e a todos os debates que suscitou - o primeiro dos quais sendo, naturalmente, que o mar ia deixar de ser dos marinheiros e de quem o conhecia e apreciava e ia ser entregue aos "bichos" (quase literalmente: os marinheiros franceses chamam "elefantes" aos terráqueos).
Nessa altura havia muitas dúvidas sobre a viabilidade de uma empresa que ia pôr o mar ao alcance de todos. Eu sempre acreditei que seria viável. Apercebi-me muito cedo de que o mar é uma forma particular de turismo, e não uma forma particular de vida reservada a extra-terrestres.
A Switch organiza cruzeiros às Grenadines (entre outros destinos) com partida do Marin. Numa semana o programa inclui Bequia, Moustique, Tobago Cays, Mayreau, Clifton, Bequia de novo e Marigot (isto no programa "Clássico"; o programa "Combinado" é basicamente o mesmo, mas dura duas semanas, uma das quais no barco e outra em hotéis em Union e St. Lucia).
É fácil de ver que mesmo no "Combinado" o programa é demasiado carregado. No "Clássico" nem se fala: "é pior do que Paris", dizia-me um dia uma jovem passageira. A juntar a isto - a que no fundo se pode argumentar que é o que os clientes querem - há o estado deplorável dos barcos, e os salários demasiado baixos.
O ponto positivo é só um: há trabalho, muito. Basta querer. No fundo o negócio é bom para skippers e para a empresa - e a maioria dos clientes sai satisfeita. Uma situação em que todos ganham, portanto: skippers, empresa e clientes, até certo ponto.
Mas o trabalho é esgotante. Sete dias vezes a quantidade de embarques que se pretende fazer (por defeito três, mas é possível fazer até cinco), com horas de sono reduzidas, grupos enormes (num catamaran de 41' oito pessoas), comida má e sempre igual (quem cozinha são os clientes, mas as provisões são fornecidas pela empresa), percursos invariáveis (é muito raro que um grupo aceite uma mudança no percurso. Hoje aconteceu, seja Deus louvado, e vou passar mais uma noite em Bequia, em vez de a passar em Moustique), e a carga, à qual ninguém dá o devido valor, de aturar durante uma semana pessoas com quem, em condições normais, não passaríamos uma hora.
Apesar de tudo, continuo a achar que tenho o melhor emprego do mundo. Hoje é na Switch; amanhã será noutra qualquer, melhor (todas o são). O mar é o mar, Bequia Bequia e a felicidade leve. Que mais querer?
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.