Estendes a pele na cama e pedes-me que me estenda nela. Acedo e acedo a ela, a ti; aceso, acendo-te. Não falaria nunca da tua pele como uma planície, ou o mar, ou o tempo ou o chão em chamas. Não falaria nunca do vento que te percorre a pele, nem da luz, ou dessa longa fita de desejo que começa em mim e em mim acaba depois da volta ao tempo, ao mundo, ao mar. Não falaria nunca de desejos que irrompem como chamas das entranhas da terra, de nádegas como dois quartos crescentes que não sabem como não crescer, de mãos inábeis, impacientes. Não te falarei nunca de lábios ansiosos, de olhares infinitos, dessas banais tretas todas: o silêncio é uma sorte irrecusável.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.