Este post contem duas leituras obrigatórias: o artigo de AJJ (não muito fácil de ler, porque o estilo é fraco; mas interessante) e a súmula de João Miranda. Vamos ver como é que os diferentes ramos da Voodoo School of Economics* nacional (um dos quais é este, claro) vão explicar mais uma dissonância cognitiva: Keynes na Madeira mau, Keynes no resto do mundo bom.
* - Voodoo School of Economics é a expressão que Bush pai utilizou para se referir às propostas económicas de Reagan, durante a batalha pela nomeação à candidatura presidencial. De um ponto de vista académico é inegavelmente errado utilizá-la para as políticas socialistas e keynesianas. A realidade - ou, se preferirmos, a vida fora da Academia (contra a qual não tenho nada, apresso-me a esclarecer) - demonstra contudo que o homem cujos lábios não faziam o que ele dizia inventou a expressão certa para o alvo errado. Podemos, aliás, perguntar-nos quais os resultados de economias relevantes do pensamento mágico na Madeira (e em Portugal, claro, e no resto do mundo)?
Nota - se uma pessoa que não percebe nada de vela falasse muito sobre, por exemplo, táctica de regatas; ou das vantagens e desvantagens das quilhas basculantes, ou de arreigadas em outspreaders, eu ligaria pouca atenção. São coisas que exigem uma certa experiência e conhecimento, se se quiser falar delas com acerto.
Mas não é preciso perceber muito de vela para, numa regata, por exemplo, saber quem vai à frente; ou para ver que algumas manobras correm melhor do que outras. Com a economia passa-se o mesmo: não é preciso ser uma sumidade para se perceber que há coisas que funcionam melhor do que outras. Por exemplo, na Suíça (em muitos dos cantões) não há salário mínimo, e há uma liberdade total de despedimento; contudo, não há desemprego e os salários são dos mais elevados do mundo. Não deve portanto haver uma relação directa de causalidade entre mercados laborais muito rígidos e uma alta taxa de emprego, ou entre ausência de salário mínimo e salários baixos, ou desigualdade social (o índice de Gini é mais baixo na Suíça do que em Portugal, nunca é de mais relembrar) .
Tal como não é preciso ser um oftalmologista para se saber que se se puser óculos, sei lá, cor-de-rosa, por exemplo, o mundo aparece diferente daquilo que ele é. Claro que isto nos levaria a discussões muito portentosas sobre o que é a realidade, e sobre a diferença que há entre avaliar quem passa primeiro numa bóia ou quem tem os melhores sistemas económicos.
Mas o Don Vivo não é um blogue teórico, graças a Deus. E prefere óculos transparentes.
* - Voodoo School of Economics é a expressão que Bush pai utilizou para se referir às propostas económicas de Reagan, durante a batalha pela nomeação à candidatura presidencial. De um ponto de vista académico é inegavelmente errado utilizá-la para as políticas socialistas e keynesianas. A realidade - ou, se preferirmos, a vida fora da Academia (contra a qual não tenho nada, apresso-me a esclarecer) - demonstra contudo que o homem cujos lábios não faziam o que ele dizia inventou a expressão certa para o alvo errado. Podemos, aliás, perguntar-nos quais os resultados de economias relevantes do pensamento mágico na Madeira (e em Portugal, claro, e no resto do mundo)?
Nota - se uma pessoa que não percebe nada de vela falasse muito sobre, por exemplo, táctica de regatas; ou das vantagens e desvantagens das quilhas basculantes, ou de arreigadas em outspreaders, eu ligaria pouca atenção. São coisas que exigem uma certa experiência e conhecimento, se se quiser falar delas com acerto.
Mas não é preciso perceber muito de vela para, numa regata, por exemplo, saber quem vai à frente; ou para ver que algumas manobras correm melhor do que outras. Com a economia passa-se o mesmo: não é preciso ser uma sumidade para se perceber que há coisas que funcionam melhor do que outras. Por exemplo, na Suíça (em muitos dos cantões) não há salário mínimo, e há uma liberdade total de despedimento; contudo, não há desemprego e os salários são dos mais elevados do mundo. Não deve portanto haver uma relação directa de causalidade entre mercados laborais muito rígidos e uma alta taxa de emprego, ou entre ausência de salário mínimo e salários baixos, ou desigualdade social (o índice de Gini é mais baixo na Suíça do que em Portugal, nunca é de mais relembrar) .
Tal como não é preciso ser um oftalmologista para se saber que se se puser óculos, sei lá, cor-de-rosa, por exemplo, o mundo aparece diferente daquilo que ele é. Claro que isto nos levaria a discussões muito portentosas sobre o que é a realidade, e sobre a diferença que há entre avaliar quem passa primeiro numa bóia ou quem tem os melhores sistemas económicos.
Mas o Don Vivo não é um blogue teórico, graças a Deus. E prefere óculos transparentes.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.