25.11.11

Combinações, Stakhanov

Isto dito, postas assim as coisas, o valor é zero, ou quase. Dois dados na mesa, um quatro e, sei lá, um três ou um dois: zero.

Mas basta mudá-los um bocadinho e aparecem os dois ases. A vida está feita para os stakhanovistas das combinações: tudo é possível, depende apenas da maneira como está disposto na mesa. Há quem se dê ao trabalho de procurar, de lançar sem fim os dados.

Eu não. Limito-me a recordar os não que deviam ter sido sins, os sim que deviam ter sido nãos, e os sins e nãos justos, mesmo que na altura tenham doído (há sins que doem, magoam, ferem mais do que muito não). Os meus dados têm três faces apenas: sim, não e logo se verá (tendo "logo" o sentido muito lato de muitos anos a muitas noites).

"É assim", como dizem hoje as recepcionistas das empresa e das repartições públicas ("e não como nós queríamos que fosse", acrescentaria o meu pai se fosse vivo): anda por aí um Stakhanov qualquer a lançar dados e nós que nos amanhemos com o que sai.

Nós, ou quase. Eu contento-me com dados truncados e rum no Skullduggery, ou flûtes de espumante argentino no Hamilton's, nas noites mais melancólicas.

E com um sim diferido: há alguns que nada pode alterar, nem substituir.

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