Tirando uma breve hora e meia de trabalho hoje de manhã o dia foi de sestas, merecidas sestas. Pré e post-prandiais - na verdade uma longa sesta interrompida por um almoço.
E algum Excel - há muito tempo que não preciso de trabalhar com Excel, e aproveito estes momentos para rever, relembrar, aprender. Hoje foi a vez das Pivot Tables, que já me fizeram perder um emprego numa belíssima empresa em Genève. Enfim, não foram elas - foi a minha ignorância delas.
Ainda não ouvi uma pessoa, uma que fosse indicar uma hora em Parnaíba; dizem sempre um lapso de tempo. "A que horas fecha a loja?" "Às nove e meia, dez" (isto significa que provavelmente fechará às nove). A que horas chega?" "Às sete e meia, oito" (ou seja, nunca antes das oito e meia). É nestes momentos que o alemão que há em mim acorda.
Não tem chovido, desde que a obra Christo-construtivista ficou pronta. A chuva tem-nos passado ao lado, mas hoje creio que vamos ter direito a um daqueles aguaceiros.
II
Temos.
Já está a chover na recepção da pousada. "Edifícios antigos", diz o dono. "Desleixo", respondo calado. "Negligência, desinteresse, falta de respeito, ganância". Em menos de dez minutos o corredor ficou inundado com seis ou sete centímetros de água. A luz foi-se pouco tempo depois.
A trovoada é contínua, ininterrupta, como se se risse dos dias secos que acabámos de passar.
Daqui a pouco param - chuva, trovoada, escuridão, inundações - e tudo ficará como se nada tivesse acontecido, com a mesma repenteza. Os trópicos não são de subtilezas.
A luz voltou. Socorro tenta secar o corredor espalhando a água para a sala de jantar (o que não é de todo uma asneira; de nada serviria empurrar a água para de onde ela veio); para ir à recepção buscar o computador precisei de tirar os sapatos.
Penso no camião, no equipamento todo que lá vai dentro; embalei-o peça a peça, em sacos de plástico que vão dentro de caixas que vão debaixo de duas folhas de policarbonato que - se Gildemi cumprir o que prometeu - estão debaixo de uma lona. Que se lixem as precauções: preferia que a porra da chuva parasse.
O grosso do aguaceiro foi-se; ao que agora chove chamaríamos na Europa uma chuvada torrencial. Aqui, depois do que passou, parece que está a pingar, pouco mais.
III
Gildemi acabou por sair de dia, ao contrário do que tinha dito. A Polícia Federal interceptou-o a 160 quilómetros de S. Luis, num lugar chamado Vagem Grande. Vamos ter de deixar lá o mastro. Um mastro na Vagem Grande. Já só faltam 160 quilómetros.
E algum Excel - há muito tempo que não preciso de trabalhar com Excel, e aproveito estes momentos para rever, relembrar, aprender. Hoje foi a vez das Pivot Tables, que já me fizeram perder um emprego numa belíssima empresa em Genève. Enfim, não foram elas - foi a minha ignorância delas.
Ainda não ouvi uma pessoa, uma que fosse indicar uma hora em Parnaíba; dizem sempre um lapso de tempo. "A que horas fecha a loja?" "Às nove e meia, dez" (isto significa que provavelmente fechará às nove). A que horas chega?" "Às sete e meia, oito" (ou seja, nunca antes das oito e meia). É nestes momentos que o alemão que há em mim acorda.
Não tem chovido, desde que a obra Christo-construtivista ficou pronta. A chuva tem-nos passado ao lado, mas hoje creio que vamos ter direito a um daqueles aguaceiros.
II
Temos.
Já está a chover na recepção da pousada. "Edifícios antigos", diz o dono. "Desleixo", respondo calado. "Negligência, desinteresse, falta de respeito, ganância". Em menos de dez minutos o corredor ficou inundado com seis ou sete centímetros de água. A luz foi-se pouco tempo depois.
A trovoada é contínua, ininterrupta, como se se risse dos dias secos que acabámos de passar.
Daqui a pouco param - chuva, trovoada, escuridão, inundações - e tudo ficará como se nada tivesse acontecido, com a mesma repenteza. Os trópicos não são de subtilezas.
A luz voltou. Socorro tenta secar o corredor espalhando a água para a sala de jantar (o que não é de todo uma asneira; de nada serviria empurrar a água para de onde ela veio); para ir à recepção buscar o computador precisei de tirar os sapatos.
Penso no camião, no equipamento todo que lá vai dentro; embalei-o peça a peça, em sacos de plástico que vão dentro de caixas que vão debaixo de duas folhas de policarbonato que - se Gildemi cumprir o que prometeu - estão debaixo de uma lona. Que se lixem as precauções: preferia que a porra da chuva parasse.
O grosso do aguaceiro foi-se; ao que agora chove chamaríamos na Europa uma chuvada torrencial. Aqui, depois do que passou, parece que está a pingar, pouco mais.
III
Gildemi acabou por sair de dia, ao contrário do que tinha dito. A Polícia Federal interceptou-o a 160 quilómetros de S. Luis, num lugar chamado Vagem Grande. Vamos ter de deixar lá o mastro. Um mastro na Vagem Grande. Já só faltam 160 quilómetros.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.