Há três coisas que gosto de fazer: navegar e cozinhar (e escrever e fotografar, e andar de bicicleta e passear a pé e ler e ouvir música e ir ao cinema... estas listas nunca ficam completas). Hoje cozinhei, pela primeira vez em muitos meses. Enfim, cozinhar é um exagero grosseiro: fritei um chouriço - mau - mexi uns ovos aos quais acrescentei duas malaguetas, cortei um pepino em rodelas (e ainda assei um pimento para logo à noite). Foi tão bom que até lavar a loiça deu gozo, e tive de me conter para não lavar tudo outra vez. Há não sei quantos meses que não me aproximo sequer de um fogão.
Um hostel, que antigamente se designava por albergue de juventude é basicamente uma pousada muito barata, com menos serviços ainda do que uma pousada barata mas com três coisas a mais: limpeza, cozinha e hóspedes simpáticos. Esta nem papel na casa de banho tem - cada um que traga o seu, se quiser. Mas é barata, está bem situada, o Heloísio (o dono) é uma simpatia e os lençóis estão limpos. Pouco mais há a pedir de um sítio onde se vai dormir três noites.
Desta vez não há professoras universitárias de alterações climáticas, coisa que me deixa cheio de pena.
Quando acordar da sesta terei estado em Belém vinte e quatro horas. Há pessoas que se queixam de que o tempo passa depressa de mais...
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Ao fim do dia o mercado Ver-o-peso fecha e as pessoas deslocam-se para as esplanadas que dão direcatmente para o rio. Há tanta gente de um lado e tão pouca do outro que pensei que aquilo ia virar-se e despejar os clientes para o rio. Não virou, claro; e consegui ficar ali um bom bocado, a ver o pôr do sol, as pessoas a conversar e a comentar o dia que se prepara para acabar, as centenas de bancas desertas, quase todas elas.
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Reencontro, meio por sorte meio por orientação, um bar onde me lembrava de haver jazz. Há, mas só às quintas-feiras. O bar é giro (chama-se Cosanostra e fica na Travessa Benjamin Constant 1499, se por acaso) mas desconcertante. Tem uma atmosfera de bar, uma decoração de café e um barulho de cervejaria à hora de ponta. Lembro-me que já da outra vez fui no dia errado; apesar disso fiquei contente. Pareceu-me um sítio normal. No caminho de regresso vi dois miúdos de roller skate na rua e aí sim, tive a confirmação.
Vista de longe São Luís aparece-me como aquilo que me perguntava se era vista de perto: uma cidade balofa e vazia, mal-cheirosa e pedante.
Enfim, exagero um pouco: era pedante, sem dúvida; e mal-cheirosa. Mas tinha o seu interesse. Na verdade isto ocorreu-me muito antes do Cosanostra. Num dos cantos do jardim estava uma banda a tocar. Seria talvez o equivalente local da banda que todas as noites empesta a rua da Tia Dica e do Raimundo (mas paga por eles os dois). As principais diferenças eram:
Claro que o facto de Belém ter mais gente explica muita coisa; mas não explica tudo.
Fui a uma loja de jornais e o senhor sabia o que era o Economist; infelizmente tinha-os vendido todos. A continuar assim ainda vou encontrar atacadores para os sapatos.
Um hostel, que antigamente se designava por albergue de juventude é basicamente uma pousada muito barata, com menos serviços ainda do que uma pousada barata mas com três coisas a mais: limpeza, cozinha e hóspedes simpáticos. Esta nem papel na casa de banho tem - cada um que traga o seu, se quiser. Mas é barata, está bem situada, o Heloísio (o dono) é uma simpatia e os lençóis estão limpos. Pouco mais há a pedir de um sítio onde se vai dormir três noites.
Desta vez não há professoras universitárias de alterações climáticas, coisa que me deixa cheio de pena.
Quando acordar da sesta terei estado em Belém vinte e quatro horas. Há pessoas que se queixam de que o tempo passa depressa de mais...
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Ao fim do dia o mercado Ver-o-peso fecha e as pessoas deslocam-se para as esplanadas que dão direcatmente para o rio. Há tanta gente de um lado e tão pouca do outro que pensei que aquilo ia virar-se e despejar os clientes para o rio. Não virou, claro; e consegui ficar ali um bom bocado, a ver o pôr do sol, as pessoas a conversar e a comentar o dia que se prepara para acabar, as centenas de bancas desertas, quase todas elas.
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Reencontro, meio por sorte meio por orientação, um bar onde me lembrava de haver jazz. Há, mas só às quintas-feiras. O bar é giro (chama-se Cosanostra e fica na Travessa Benjamin Constant 1499, se por acaso) mas desconcertante. Tem uma atmosfera de bar, uma decoração de café e um barulho de cervejaria à hora de ponta. Lembro-me que já da outra vez fui no dia errado; apesar disso fiquei contente. Pareceu-me um sítio normal. No caminho de regresso vi dois miúdos de roller skate na rua e aí sim, tive a confirmação.
Vista de longe São Luís aparece-me como aquilo que me perguntava se era vista de perto: uma cidade balofa e vazia, mal-cheirosa e pedante.
Enfim, exagero um pouco: era pedante, sem dúvida; e mal-cheirosa. Mas tinha o seu interesse. Na verdade isto ocorreu-me muito antes do Cosanostra. Num dos cantos do jardim estava uma banda a tocar. Seria talvez o equivalente local da banda que todas as noites empesta a rua da Tia Dica e do Raimundo (mas paga por eles os dois). As principais diferenças eram:
- O local é mais bonito e não cheira mal;
- A música é melhor;
- O público muito mais interessante (não havia bêbedos, pedintes, putas, travestis, crackados nem o resto da fauna habitual do Reviver);
Claro que o facto de Belém ter mais gente explica muita coisa; mas não explica tudo.
Fui a uma loja de jornais e o senhor sabia o que era o Economist; infelizmente tinha-os vendido todos. A continuar assim ainda vou encontrar atacadores para os sapatos.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.