2.1.13

The Bight Bay, Norman's Island, BVI, Reino Unido, 01-01-2012

As BVI não são o meu canto favorito das Antilhas; mas devo reconhecer que há sítios piores para começar o ano - ou para o continuar, que isto de pôr cancelas no tempo vale tanto como pedir-lhe para esperar um bocadinho, que o dia está lindo. Ou despachar-se, que o fim do ano é uma seca.

E., C. e eu fomos deitar-nos cedo; ainda ouvi o concerto de sirenes à meia-noite, mas já de fugida. G. foi à terra. A julgar pelo que vi durante a tarde não deve ter sido uma experiência inesquecível - dinghies atulhados de putos de copo na mão a dizer adeus a tudo o que passava, "música" de dança (entre aspas porque não me habituo a chamar música àquilo e não quero habituar-me), miúdas histéricas e rios de rum.

O amanhecer foi surpreendente, porque a maioria dos barcos levantou ferro bastante cedo. Nós também: fui a terra comprar água e viemos para Norman's Island, a ilha que inspirou a Stevenson A Ilha do Tesouro. Há pouco a dizer desta navegação que não seja repetitivo: a maravilha - esta repetição de verde, azul e vento - é monótona.

Mas nem sempre a monotonia é aborrecida, muito antes pelo contrário.

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Que longe está Palma! E Portugal, ainda mais. Parece que o Cavaco mandou o orçamento para o TC. Qualquer dia desligo-me de todos os blogues portugueses que leio e começo a preocupar-me apenas com o que é importante: tu, uma embarcação de vela e uma ilha nas Caraíbas. O resto é paisagem, história, espuma, periferia.

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Tanto quanto percebi há dois restaurantes em Norman's Island. O outro chama-se Willie T. e é onde os armadores foram comer. Nós viemos ao Pirates Bight. Não sei de onde vem o Pirates - talvez da relação quantidade / preço (a qualidade é indiscutivelmente óptima, mas as porções são minúsculas) -. G., que tem um apetite capaz de envergonhar Gargantua, olha desesperado para o prato vazio e diz que sabe a pouco. Acabei por encomendar Conch Fritters, uma especialidade local que raramente é bem feita e desta vez não foge à regra; pelo menos a quantidade é a habitual. Ofereço o último a G., que agradece e me diz "sinto-me como um aspirador humano". O meu pai chamar-lhe-ia triturador, ou coisa que o valha.

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