Há bocadinho, pouco mais de meia hora, escrevi neste blog "o fim do fim-de-semana, finalmente". Era domingo à noite, eu estava contente porque o fim-de-semana fora muito longo, interminável.
Agora, meia hora depois, é sábado. Os planos que tinha para hoje e amanhã goraram-se: dar um passeio de bicicleta e fazer fotografias, mas por razões várias a bicicleta desmaterializou-se e agora tenho de arranjar outra coisa.
A semana passou a uma velocidade alucinante. Trabalho na manutenção dos barcos da Ondeck, por vezes em Falmouth Harbour, outras no estaleiro, no lado norte da ilha. Ao meio-dia paramos para comer numa barraca à beira da estrada. É espantoso o que se come bem nessas barraquitas, onde somos servidos em caixas de take away, um pequeno garfo de plástico enrolado num igualmente pequeno guardanapo de papel. Isto - uma dose pequena de galinha ou porco e uma garrafa de água - custam-me 13 EC, cerca de 4 euros.
Trabalhar na manutenção de uma embarcação de charter é como fazer mimos à mulher por quem se está apaixonado. Trata-se de uma sequência interminável de pequenos trabalhos - olear dobradiças, substituir parafusos, pintar uma antepara, substituir um espelho, reforçar balaustradas... Por vezes há algumas tarefas mais importantes, como mudar os rolamentos do leme ou substituir o trocador de calor do motor, mas são raros.
Somos uma equipa de três ou quatro; trabalhamos muito, falamos pouco e queixamo-nos da escassez de tempo, do trabalho que parece não avançar, da quantidade de coisas inesperadas que há para fazer. Mas "a lista", a nossa biblía, lá vai sendo riscada e riscada.
Qualquer dia A., por sinal o barco que fui buscar à Isla San Andrés e pelo qual tenho uma particular ternura está na água, não sei se grato se indiferente.
Arranjei outro café para os petiscos. Chama-se Seabreeze, fica mesmo ao lado do Skull e era o último sítio onde pensaria fazer seja o que for, por estar associado a momentos difíceis. Mas daqui a pouco tenho uma reunião com o dono, e se chegarmos a acordo começarei em breve a fazer tapenade, hummous, peixinhos da horta, pica paus, etc. Se as noites começarem a passar tão depressa como os dias qualquer dia dou por mim num caixão e tudo aquilo de que me lembrarei será de que vivi a vida que quis. Não é muito, talvez; mas para mim chega.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.