Vou pela estrada, casaco branco de linho a tiracolo, como as personagens de Pasolini nos Passarinhos e Passarões (ou coisa semelhante). Eles eram dois e eu sou dois também, o meu eu triste e o meu eu feliz num só corpo, num só casaco, a estrada só para nós.
Ainda tinha o Pasolini na cabeça quando entrei no Mistério de Oberwald, um magnífico melodrama sobre o amor, o poder e a manipulação, cujas cores originais estavam completamente obliteradas pela projecção em video.
Um grande filme com uma grande actriz (e alguns pequenos, mas isso é irrelevante), uma bela história de amor e uma reflexão sobre o poder (de onde vem e para onde vai, como e porquê), as diferentes formas da manipulação. O filme não teve muito sucesso quando saiu, se bem me lembro; vê-lo agora na Casa da Zorra, uma cooperativa cultural em Évora foi uma agradável surpresa.
Que a Lisboa em mim me perdoe, mas hoje não vou ouvir a Lisboa em Si. Fico em Évora a intoxicar-me de clorofila e paz, não tarda estou farto de uma e a outra nunca dura muito, mais vale aproveitá-la enquanto há.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.