21.6.13

Diário de Bordos - Évora, 21-06-13

Vou pela estrada, casaco branco de linho a tiracolo, como as personagens de Pasolini nos Passarinhos e Passarões (ou coisa semelhante). Eles eram dois e eu sou dois também, o meu eu triste e o meu eu feliz num só corpo, num só casaco, a estrada só para nós.

Ainda tinha o Pasolini na cabeça quando entrei no Mistério de Oberwald, um magnífico melodrama sobre o amor, o poder e a manipulação, cujas cores originais estavam completamente obliteradas pela projecção em video.

Um grande filme com uma grande actriz (e alguns pequenos, mas isso é irrelevante), uma bela história de amor e uma reflexão sobre o poder (de onde vem e para onde vai, como e porquê),  as diferentes formas da manipulação. O filme não teve muito sucesso quando saiu, se bem me lembro; vê-lo agora na Casa da Zorra, uma cooperativa cultural em Évora foi uma agradável surpresa.

Que a Lisboa em mim me perdoe, mas hoje não vou ouvir a Lisboa em Si. Fico em Évora a intoxicar-me de clorofila e paz, não tarda estou farto de uma e a outra nunca dura muito, mais vale aproveitá-la enquanto há.

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