Pouco a pouco a cidade vai saindo de mim; e eu dela. Não suspeitava quanto estávamos entranhados. É a minha última noite sozinho em Panamá e sinto-me com o direito de a gozar ad valorem.
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Carlos senta-se na minha mesa. Pergunta-me se é importuno. Digo-lhe que não. Já jantei, estou naquela esplanada porque é a única no Casco Viejo que tem charutos (hoje só Cohiba, mas não faz mal). Digo-lhe que sou português e começa um improviso que inclui estar longe de casa, a Virgem de Fátima e qualquer coisa mais que, misericordiosamente, esqueci.
Depois pergunta-me se gosto de alguma música latina. Peço-lhe que toque um Mariacchi. Toca-o bem, improvisa a letra, canta o longe de casa e outras banalidades. Bem. Penso numa voz que o acompanharia, na cidade que em breve deixarei, na facilidade com que os objectos encontraram o seu lugar no quarto de hotel que tão bem conhecem, em quão farto estou de quartos de hotel, em quantos mais me esperam.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.