Como-te, Lisboa, bebo-te, cheiro-te, percorro-te, sinto-te cada pedra de cada calçada, de cada rua ou passeio. Vejo-te, visito-te, revisito-me; e ao tempo e aos lugares do tempo: o Jardim da Estrela, o supermercado da Madragoa onde tantas vezes fui fazer compras, a Baixa, a Ginginha das Portas de Santo Antão, a Merendinha do Arco, a Adega dos Lombinhos, a Rua de S. Bento, os jardins da Gulbenkian. Nada me dói, e tu resplandeces como sempre, Lisboa minha, Lisboa nossa, Lisboa de sempre e para sempre.
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David Mourão-Ferreira:
"O cadáver da noite escura a pedir-me velada
As carroças da insónia a treparem-me as veias
Ver-te subitardente, ó ventriangulada
Range-me entre nós dois a música da areia"
in Entre Julho e Novembro
Mas de entre as espirais confusas quem sabia
se era de novo amor, se era só melodia?
in Infinito Pessoal
Quem foi que à tua pele conferiu esse papel
que mais do que tua pele ser pele da minha pele?
in Do Tempo ao Coração
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Lisboa recebe-me principescamente: L. vai esperar-me ao aeroporto; hoje fui com A. ver a exposição de Souza-Cardozo, o mais sublime de todos os stakhanovistas.
Percorro a exposição pensando no tipo de música que gostaria de ouvir, e chego à conclusão de que precisaria de toda (ou quase toda, vá) a produção daquela época para cobrir a vastidão da obra.
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A lei das rendas foi alterada, finalmente. A Lisboa que conhecemos vai mudar.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.