É preciso imaginar uma luz densa como a de Lisboa, já no fim do dia, oblíqua e quente; uma praia pequena, dourada e uma grande extensão de água. No fim desse plano de água há muitos barcos, um nevoeiro de mastros. Por trás dos mastros montanhas, verdes.
É preciso imaginar um homem sentado face a isto tudo. Os barcos, a luz, a água e as palavras são a sua vida, sempre foram.
É preciso imaginar uma vida: uma vida feita de mar, palavras e luz.
Um fim de tarde é uma vida. Basta imaginá-la, imaginá-lo.
O homem pensa no passado, muito pouco. Pensa no futuro. Pensa no presente. Pensa demasiado: a luz e o mar e o vento e as palavras não precisam que se pense neles.
Pensa: O ti'punch está para mim como a luz para esta paisagem.
Pensa: Tu estás para mim como vento para esta água.
Pensa: Como será andar aqui sem ti?
Pensa:
Não sei. Não há respostas. Não há certezas. Não há nada para além desta luz que o vento arrasta como o desejo arrasta um olhar numa pele.
Mar, barcos, luz e palavras: uma vida.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.