O piloto automático, já aqui o disse uma vez, não é propriamente um problema; é um custo. Hoje fiquei a saber que esse custo vai ser maior do que o esperado. Não é uma surpresa, claro. Surpresa teria sido que tudo continuasse como estava previsto.
Felizmente não gosto de surpresas e tudo muda constantemente. Queríamos arranjar clientes para Bocas. Encontrámos um, e penso que amnhã há mais (há sempre mais amanhã, sempre mais, sempre amanhã). Via M., da BNN encontrámos um grupo em San Blas. Devem confirmar hoje. Felizmente o cliente que temos para Bocas é um amigo do Luka e da Danielle e compreenderá se lhe dissermos que só vamos até San Blas - provavelmente virá noutra viagem.
Hoje à noite saberei se vamos para San Blas se para Bocas; e amanhã se teremos dinheiro para pagar o acréscimo de custos do piloto (e muito provavelmente da vela grande).
Entretanto hoje vou lutando contra a terrível tentação de comer uma arepa, uma enchilada ou uma papa rellena en cada esquina. A comida de rua de Cartagena é aterradoramente boa - uso o advérbio de modo voluntária e conscientemente: a simples ideia de ter que resistir todos os dias a estas tentações aterroriza-me -.
Terça-feira largamos. Estou a precisar de mar e de HELENA S. Tem sido tratado, acarinhado pelos jovens tripulantes. Cada vez gosto mais dele e deles. Só gostava que a tentativa de B. tivesse sucesso e houvesse dinheiro para um refit à séria.
Não acredito muito, mas tão pouco deixo de acreditar. O passado explica o presente mas não condiciona o futuro. E o HELENA S. merece, pelo menos, que se acredite. Visto de terra, fundeado no meio de não sei quantas embarcações é a única que se vê, a única que tem uma alma, um feitio e uma vontade.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.