Acabo de chegar das provas de mar. À parte duas ou três pequenas fugas, facilmente resolvíveis tudo parece em ordem e largamos amanhã, com um atraso considerável sobre o que estava previsto e um avanço ainda maior sobre o que poderia ter acontecido.
É a última etapa de um dos anos mais difíceis da minha vida. Acaba tão dificilmente como começou; mas devo reconhecer que acaba melhor. Prefiro não ter dinheiro, uma dor de dentes - que de resto quase desaparaceu, provavelmente graças à água oxigenada com que tenho lavado os dentes a conselho da assistente do dentista - ou ter recomeçado a fumar à horrorosa depressão com a qual passei este tempo todo, esta eternidade, este inferno.
Não largo nas condições ideais, mas o barco é sólido e eu ainda sei navegar sem GPS, se for preciso. E sem motor, idem. Na verdade é pouco provável que os dois computadores dêem o berro, se bem o de backup seja uma porcaria. Já do motor tenho mais dúvidas, mas agora não há como tirá-las e vai assim. E de qualquer forma sem motor não há GPS que me valha, nem VHF, de maneira mais vale não pensar muito nisso e resolver o problema quando ele chegar.
A previsão de tempo é boa - devo ter um bocadinho de vento para atravessar o Miskitos, mas prefiro isso a ir a motor -; e daí para cima vai ser uma bolina folgada ou um largo.Com um pouco de sorte daqui a oito nove dias estarei em Havana a beber um Mojito. Ou dois porque tenho de beber um pela Leonor.
De Cuba para as Bahamas é um salto, que talvez consiga fazer sozinho. E destas para São Luís outro, se tudo correr bem e o avião não desaparecer.
É pouco? É. Mas é o que há.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.