16.3.14

Diário de Bordos - Red Frog Marina, Bocas del Toro, Panamá, 16-03-2014

Um domingo de trabalho chega ao fim. Foi bom: fez-me esquecer que estou aqui parado mais três ou quatro dias, se tudo correr excepcionalmente bem; e pelo menos agora tenho em forma definitiva uma coisa que tinha feito provisória; foi mau: não estou a conseguir transformar as manifestações de interesse (muitas) em confirmações (zero).

Resta-me ir tomar um duche, pensar na metade boa do dia e no que devo fazer para transformar a má em boa. As margaritas do Ben no Palmar Tent Lodge têm, entre muitas outras, a grande virtude de ser um grande filtro. E barato, muito mais barato do que um curso de marketing online, ou coisa equiparada.

Talvez não tenham é o mesmo resultado, mas isso é outra história.

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A minha encantadora tripulação aceitou com sabedoria e um sorriso a demora. A verdade é que estamos todos, literalmente, no mesmo barco. De nada serve bater com o pé no chão ou insultar o fdp do impeller. A solução é procurar um impeller rapidamente, e já agora a junta e os parafusos, que estão todos lixados.

O resto é conversa.

E, parafraseando um amigo sul-africano, não é com conversa que sairemos daqui.

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Ontem esteve um dia lindo, o equivalente bocatoreño de um dia de S. Guincho, mas hoje voltou ao normal: nublado. Pelo menos choveu muito pouco. Tem chovido pouco, de resto. É um drama, ninguém tem água. Felizmente não preciso de muito gelo na margarita.

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É noite de lua cheia, hoje. Talvez tenhamos sorte: há menos nuvens. Estou uns bons milhares de quilómetros (enfim, poucos. Mas é melhor do que nada) mais perto da lua do que uma pessoa numa latitude mais elevada, pelo que ela me aparece maior, mais cheia, mais sorridente, acolhedora, alegre.

E ajuda a voltar do Palmar Tent Lodge sem lanterna.

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Ontem estava sentado na Casa Verde e via passar as pangas em todas as direcções, umas rápidas outras mais lentas, todas bonitas e nenhuma feia. As esteiras pareciam sorrisos na baía, sorrisos brancos, longos, como se o mar tivesse inúmeros rostos e todos eles sorrissem quando sentem uma panga perto.

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O Artie tem uma vontade própria. Mas já devia saber com quem se meteu. Trouxe-o de San Francisco aqui (enfim, quase. De Shelter Bay veio com o M.) e vou levá-lo de volta ao dono quer ele queira quer não. É um casco em aço, teimoso como uma mula.

Parece um auto-retrato, não é?

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