Vim para bordo. Apetece-me cozinhar. Estou a fazer um frango em vinho tinto. Cozinhar sem especiarias é como ouvir música num instrumento com um registo limitado: pode ser bom, mas falta qualquer coisa.
Neste caso, tenho paprika, orégãos e pimenta. Compensei a falta de coisas com cebola, alho e um bocadinho de tomate. A ver como sai. Na verdade é um ensaio para amanhã: o M. vem cá jantar e gostaria de lhe fazer um bom jantar, um jantar como os que tínhamos em Shelter Bay. Agora com a S. e o M. no lugar da N. e do D.
A coisa coze, eu bebo um rum enquanto espero que a coisa coza, a lua vai alta e cheia, muito bonita e redonda. De baixo vem um bom cheiro, do computador a Dança das Cabeças, que há tanto tempo não ouvia.
A coisa parece bem, mas precisa de cozer um bom bocado ainda.
Está como a noite, como certas dores, alguns amores e meia dúzia de livros: já começaram há muito tempo mas ainda têm de esperar para acabar. Têm de ferver e refinar, apurar e chegar à essência.
Ainda não sei como vai ficar o frango. Sei que o pus a marinar em vinho tinto com muita cebola e alho, pimenta, paprika e orégãos; que depois o tirei da marinada, o fritei em azeite com dois alhos e o repus na marinada a cozer; que cheira bem e já tive de acrescentar um pouco de água.
Noutra panela o resto do frango marina nestas coisas todas mai-lo azeite onde fritei o anterior (não tenho espaço no frigoríco, tenho de recorrer a métodos artesanais de conservação).
Noutra panela coze feijão com couve - vou pôr-lhe arroz daqui a pouco.
Depois conto.
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